Crónica de Colares

De uma crónica do "Jornal de Sintra" de 22 de Setembro de 1940, assinada por T.Jacinto

Escritos a lápis
-Saiamos da Várzea , desse mimoso e poético recanto , que os rios Vouga e Mondego-quem sabe!-para aqui mandaram como irmão mais novo, e onde apetece cantar, em versos dolentes, o amor e a saudade...e não os faduchos em moda , estilo retiro da Severa, aperitivo dos estúrdios que aqui aportam aos domingos, com as suas merendas, regadas a garrafões de 5 litros...

Cem metros andados e a Adega Regional à vista, no seu sumptuoso edificío.Expliquei ao meu companheiro de viagem o que era aquela Adega, um dos primeiros passos em frente do regime corporativo.Uma experiência em marcha, de incontestáveis beneficíos para a região, mas que me disseram fora do seu meio e do seu tempo, e que, especialmente, a numerosos dos seus associados falta disciplina e preparação para tanto.Que pena!

Uma linda ideia em marcha que não marcha...

São fabricados nesta Adega cujas magnificas instalações muito honram e são das melhores do país, os preciosos vinhos de areias de Colares, quer dizer, vinho das uvas de cêpa criadas em terrenos arenosos, que só tem igual nos famosos Bordeus franceses! (...)

Fotos:PedroMacieira

Comentários

Caro Pedro: a propósito da imagem do combóio, tive hoje entre mãos a obra de Maria Fernanda Alegria, "A organização dos transportes em portugal (1850-1910)-as vias e os tráfegos" onde a propósito de Sintra, e citando Pedro Dinis, na "Coompilação de Diversos Documentos Relativos à Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses" 2 vols., Lisboa, Imprensa Nacional , 1915, li o seguinte, que transcrevo: "os primeiros projectos para linha de Sintra são mais ou menos contemporâneos do começo das linhas do Oeste e Norte. O primeiro contrato para a construção de um caminho-de-ferro de Lisboa a Sinta, passando por Belém e Algés, é feito em 30 de Setembro de 1854 entre o Governo e o Conde Clarange Lucotte [...] Watier(engenheiro ferroviário inglês) diz no seu relatório que existia então a convicção que a ligação ferroviária entre Lisboa e o Porto podia entroncar na linha de Sintra" Ainda segundo Maria Alegria, " a ligação ferroviária entre Lisboa e Sintra só seria concretizada com a abertura à exploração em 1887, por outros promotores e com outro percurso. Entre a primeira proposta, de 1854, e a abertura ao público decorreriam mais de trinta anos."
Achei interessante enviar-lhe isto.
A imagem é do eléctrico, como é óbvio, foi erro de escrita.
pedro macieira disse…
Agradeço o interessante texto que me enviou sobre os primórdios do caminho de Ferro, e a linha de Sintra. Tema que irei tentar aproveitar para fazer algum trabalho sobre o assunto. Neste momento a linha do Oeste, essa sim entronca com a linha de Sintra, mas infelizmente parece ser uma linha que ficou perto do tempo dos combóios a carvão....uns séculos de distância dos combóios de alta velocidade que tanto se fala.
Um abraço
Mas interessante do ponto de vista histórico-fotográfico e documental, digo eu! Abraço

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