Património Sintrense em hasta pública, com votos a favor do PSD, CDS-PP e PS

Em 2005 , em véspera de eleições autárquicas, a Câmara Municipal de Sintra liderada pelo actual presidente Fernando Seara,(PSD) pagou ao artista plástico Leonel Moura para embrulhar - com grandes telas pintadas com girassóis, três imóveis pertencentes à autarquia, entre eles o edifício destinado à instalação do Museu de Dorita Castel-Branco.Intervenção que terá custado 100 mil euros.

-O vereador da Cultura na altura, Cardoso Martins, responsável pelo Centro Histórico justificava a intervenção, considerando ”Que esta arte contemporânea até chama a atenção para uma realidade que ninguém quer esconder” e acrescentava “Os edifícios estão em ruínas mas em 2006, já vão entrar em obras, ao abrigo do Plano Integrado do Centro Histórico, que prevê 45 milhões de euros, em parte (26,6%) suportados pelo Instituto de
Turismo, através das verbas da concessão do jogo do Estoril.”


Em 2003 já o executivo municipal de Fernando Seara (PSD/CDS-PP) aprovara o concurso de recuperação e remodelação do edifício pombalino para instalação do Museu Dorita Castel-Branco”. A artista, que faleceu em 1996, doou ao município parte significativa da sua obra artística, no campo da escultura, medalhística e desenhos a tinta da China.

Em 2007, e 2008 o “Rio das Maçãs” publicou,imagens da degradação da instalação do artista Leonel de Moura e dos imóveis, empacotados num local de grande visibilidade (Curva do Duche) no centro histórico, dando uma lamentável imagem de Sintra - Património Mundial.
Edifício para o Museu de Dorita Castel-Branco em hasta pública

Chegados a Março 2008, Fernando Seara fez aprovar em assembleia municipal a autorização para alienar, em hasta pública, vários imóveis, entre os quais o edifício destinado à intalação do Museu de Dorita Castel-Branco.Com os votos favoráveis do PSD,CDS-PP e também do PS!

Se pode ser aceite pacificamente que o local a instalar o futuro Museu seja outro, já não o é a alienação de património de Sintra, estando estes imóveis em pleno centro histórico - após dois mandatos e muitas promessas de recuperação, do executivo de Fernando Seara a solução encontrada por esta aliança autárquica foi passar para mãos dos privados um património que é de Sintra.


Mau presságio

Tudo isto na altura que a Câmara Municipal de Sintra acaba de criar a mais uma empresa com enorme poder a “Sociedade de Reabilitação Urbana” (SRU) para o Centro Histórico da Vila de Sintra com competência ao nível do licenciamento, expropriação e demolições entre outras, podendo esta nova empresa vir a constituir consórcios com privados...



Comentários

Anónimo disse…
O espóleo que Dorita Castelo Branco doou à Câmara Municipal de Sintra, guardado sabe Deus em que condições, está para ser exposto desde 1996, ano da sua morte...

Esta casa era bom indagarmos se foi adquirida pela Câmara ou se a recebeu de algum benemérito, o que, naquele lugar, me não admirava...

Depois de ler este seu post só me ocorre transcrever algumas das palavras que Maria Gabriela Llansol escreveu aquando do projecto de construção do parque de estacionamento da Volta do Duche e que o blogue "Sintra do Avesso" publicou integralmente há dias:

"...De que era prudentemente fundada a desconfiança generalizada pelos políticos. De que estes eram um perigo. Que não deixavam sangue nas ruas, mas feridas mortais nos lugares, nas paisagens, nas sensibilidades, na simples e antiquíssima boa-fé. Que interpretavam o voto que lhes fora transitoriamente concedido como um direito a desprezar a inteligência e a estima dos seus concidadãos."

emília reis

http://sintradoavesso.blogspot.com/
pedro macieira disse…
Emília Reis,
Ainda bem que transcreve as sábias palavras que Maria Gabriela Llansol escreveu em 2001,quando do projecto de construção do parque de estacionamento na Curva do Duche - o mesmo local onde fica a casa "empacotada" destinada inicialmente ao Museu Dorita Castelo Branco, desta vez a presença fisica de Gabriela Llansol,já não existe, mas as suas palavras podem ser lidas,e a sua mensagem entendida, pois a sua obra permanece mesmo depois da partida da autora.Ora com o património de Sintra, isso também acontece ele fica e os autarcas partem.E esse é o perigo de na altura em que cá estão esse autarcas, destruirem e alienarem o património que é de todos. E em novo ciclo eleitoral partirem para outro lado, sem que ninguém tenha possibilidade de os responsabilizar pelos danos que provocaram à comunidade.
Um abraço
Anónimo disse…
Confirmei que as 2 construções foram adquiridas pela Câmara em 2001 e 2004 para a instalação do Museu. Compraram, deixaram chegar à ruina que se conhece e, agora vendem...com a condição de que os interessados terão que começar as obras cinco dias após a escritura.
Estranha moral ...
ereis
baraodalapa disse…
Não me admira nada o que aqui se conta. Trata-se de mais uma triste história de um tiste presidente de Câmara e seus patéticos aliados. O amor sem pudor aos "privados" e aquilo que sabemos de que eles são capazes, não augura nada de bom para Sintra.O que estranho é a conivência do P.S., que devia ter outra visão da vida e das coisas. E a culpa, claro, morrerá solteira.
pedro macieira disse…
barãodalapa,

Fernando Seara o candidato preferido pelo PSD para a Câmara Municipal de Lisboa, nas próximas eleições - começa a "despachar" os assuntos que em dois mandatos que teve em Sintra, não foi capaz de resolver mesmo fazendo constantes promessas.
Mais um autarca a quem ninguém vai poder responsabilizar,pelas decisões tomadas que lesam o património de Sintra.

Um abraço

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