A Arte de Bem Voar

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O sol é grande, caem co’a calma as aves,
do tempo em tal sazão, que sói ser fria;
esta água que d’alto cai acordar-m’-ia
do sono não, mas de cuidados graves.

Ó cousas, todas vás, todas mudaves,
qual é tal coração qu’em vós confia?
Passam os tempos vai dia trás dia,
incertos muito mais que ao vento as naves.

Eu vira aqui sombras, vira flores,
vi tantas águas, vi tanta verdura,
as aves todas cantavam d’amores.

Tudo é seco e mudo; e, de mestura,
também mudando-m’eu fiz doutras cores
e tudo o mais renova, isto é sem cura!

(Sá de Miranda)

* Francisco Sá de Miranda 1481-1558

**Fotos na Várzea de Colares/Rio das Maçãs

Comentários

Fatyly disse…
Já conhecia este poema mas foi tão bom reler e as fotos estão lindissimas. Tenho reparado que os patos de Colares:) estão cada vez mais afoitos e vejo-os a voar para sitios que nunca tinha visto.
Graça Sampaio disse…
Este era um dos poemas de leitura e análise obrigatória no meu 4º ano de liceu (agora 8º) com divisão de orações e tudo! E mesmo assim, já nessa altura, com as análises morfológicas e sintácticas de permeio, o achava muito bonito. Muito sereno. Muito expressivo. Gostei de o relembrar. Obrigada.
pedro macieira disse…
Obrigado pelos comentários
Abraços

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