PAN - Sintra contra o abate de 1400 árvores no PNSC

Avifauna e marcações  para abate, em zona arbórea importante do Parque Natural Sintra-Cascais (fotos em 30 de Março de 2017)

Via PAN:

"Abate de árvores
O ICNF marcou para abate as árvores nas áreas de sua jurisdição que ladeiam a estrada N9-1 de Linhó à Malveira da Serra e a estrada da Malveira da Serra até ao cruzamento da Pedra Amarela, já no alto da Serra de Sintra. São 2 percursos distintos.
A estrada de Linhó à Malveira da Serra limita a base da Serra pelo seu lado sul. O pinheiro bravo é aí dominante, originando um ambiente agradável. Ao longo da estrada, do lado da Serra, o ICNF marcou as árvores que, eventualmente, pelo seu porte, numa situação limite, poderiam, em caso de derrube, atingir a estrada. A maioria, claro, são pinheiros de alto porte, que resistiram aos incêndios, e que dificilmente virão a ser derrubados por causas naturais. Aliás, essa berma já tinha sido objeto de abate anterior das árvores mais próximas da estrada, como se poderá verificar localmente. Parece-nos inútil e desqualificante da zona o abate que se prepara. Na Serra, a proteção da Natureza deve sobrepor-se a quaisquer planos de proteção de vias de acesso e respetivos usuários.
O troço de estrada entre a Malveira da Serra e o cruzamento da Pedra Amarela é bem conhecido dos amantes da Serra. Existe atualmente naquele vale uma magnífica mata de cedros que a tornou no recanto mais encantador da Serra. Por entre esta mata de cedros, a estrada serpenteia encosta acima, os cedros marcando as bermas da estrada. Embora asfalta-da, é difícil dois carros cruzarem-se naquele troço de estrada. E também aqui o ICNF marcou as árvores de maior porte que, imaginariamente, poderiam eventualmente vir a atingir a estrada, numa situação limite. É absolutamente inadmissível que o mais belo troço de estrada da Serra de Sintra possa vir a ser arrasado pelo próprio ICNF, teoricamente o organismo encarregue de o proteger. É estranho e causa alguma perplexidade. Qual foi a lógica que presidiu a este abate que se preparava?
Quaisquer que fossem as razões e motivos que existissem, o PAN - Sintra opõe-se veementemente a este abate planeado e solicita ao ICNF o anulamento imediato de qualquer iniciativa nesse sentido. As árvores marcadas são, na sua esmagadora maioria, espécimes saudáveis, solidamente enraizados, bonitos e que devem ser protegidos.
A manutenção da Serra de Sintra deverá seguir a rotina a que nunca se deveria ter fugido: abater apenas alguns espécimes que possam vir a oferecer perigo evidente, colaborar num plano de proteção contra incêndios, reequilibrar algumas zonas afetadas pelo fogo ou ação humana e, sobretudo, prosseguir as recomendações constantes da ficha do Sítio Sintra-Cascais do Plano Setorial da Rede Natura 2000, nomeadamente no que respeita:
- aos matagais de loureiro, aos carvalhais e às florestas de Quercus;
- aos habitats identificados, que sustentam a flora e fauna existente e protegida por lei;
- ao controlo da vegetação não autóctone e invasora que, este sim, deveria ser uma prioridade a nível de orientações de gestão;
- à acentuada pressão turística e urbana existente na zona.
O PAN - Sintra congratula-se com o eco que a intervenção da Alagamares teve na sociedade civil. Existindo um Conselho Consultivo do Parque Natural de Sintra-Cascais, que inclui representantes da Câmara Municipal de Sintra, das juntas de freguesia da área do par-que, e das associações de defesa do ambiente, e que poderia reunir extraordinariamente por convocatória do seu presidente, que é também presidente da Comissão Diretiva do Parque, seria desejável que este Conselho Consultivo do Parque reunisse e se debruçasse sobre as decisões e processos administrativos que levaram à presente situação, inaceitável.
O PAN Sintra irá tomar iniciativas para tentar travar tal situação.
Fiquem atentos."

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