Fado Nosso
Poema de agradecimento à corja
Obrigado, excelências.
Obrigado por nos destruírem o sonho e a oportunidade
de vivermos felizes e em paz.
Obrigado
pelo exemplo que se esforçam em nos dar
de como é possível viver sem vergonha, sem respeito e sem
dignidade.
Obrigado por nos roubarem. Por não nos perguntarem nada.
Por não nos darem explicações.
Obrigado por se orgulharem de nos tirar
as coisas por que lutámos e às quais temos direito.
Obrigado por nos tirarem até o sono. E a tranquilidade. E a alegria.
Obrigado pelo cinzentismo, pela depressão, pelo desespero.
Obrigado pela vossa mediocridade.
E obrigado por aquilo que podem e não querem fazer.
Obrigado por tudo o que não sabem e fingem saber.
Obrigado por transformarem o nosso coração numa sala de espera.
Obrigado por fazerem de cada um dos nossos dias
um dia menos interessante que o anterior.
Obrigado por nos exigirem mais do que podemos dar.
Obrigado por nos darem em troca quase nada.
Obrigado por não disfarçarem a cobiça, a corrupção, a indignidade.
Pelo chocante imerecimento da vossa comodidade
e da vossa felicidade adquirida a qualquer preço.
E pelo vosso vergonhoso descaramento.
Obrigado por nos ensinarem tudo o que nunca deveremos querer,
o que nunca deveremos fazer, o que nunca deveremos aceitar.
Obrigado por serem o que são.
Obrigado por serem como são.
Para que não sejamos também assim.
E para que possamos reconhecer facilmente
quem temos de rejeitar.
Joaquim Pessoa
Comentários
Esta clique que nos governa, antes do 25 de Abril, ou não era nascida ou ainda fazia xixi nas fraldas. Sabem lá o que é passar mal!
Os que agora têm mais de sessenta e alguns setenta anos tudo fizeram para que nada lhes faltasse, e a paga é roubarem-nos tudo, até os nossos sonhos, daqui até morrer, invade-nos uma enorme incerteza que nos tira toda a alegria de viver, e nos envia para a zona do pesadelo, e pensamentos tenebrosos.
Não é a profecia da desgraça, é o que está aí à vista de qualquer cego!
E, obrigado Pedro Macieira pela transcrição.
sintrense
Permita-me concordar totalmente com o que escreve.
E, diria ainda mais, mas o local não é apropriado.
Um Natal com saúde, é o que desejo.
Abraços