Desenho de Jose Alfredo Azevedo, da sua casa em Gigarós Cá estou em Gigarós, desde antes de ontem. Em Novembro do ano passado, num «Postal de Gigarós», disse que tinha em casa um pequeno sapo. Não sei de que se alimenta mas, certamente, de noite, faz as suas caçadas à procura de comida. E, como é lógico, apanha pequenos bicharocos. Só, algumas vezes raras, aparece de dia. Pois, hoje de manhã, apareceu, já com o dia claro; agarrei-o e, como há meses atrás, não tentou libertar-se. Afaguei-o e, de seguida, coloquei-o no chão; não fugiu. Um amigo disse-me: não pegue nisso; é bicho peçonhento. Respondi-lhe: tenho pegado nele, sempre, e, nunca me pegou qualquer doença; há homens que eu considero muito mais peçonhentos, do que a maior parte dos bichos, a quem o povo, na sua ignorância, assim os considera. A esses homens, não estendo a mão, porque tenho nôjo». José Alfredo da Costa Azevedo Foto da casa de Gigarós -José Alfredo da Costa Azevedo (1907-1991) foi escritor, pinto...