Um País Suicidário

A3842 Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raiz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
que dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado.

Era uma vez um país
de tal maneira explorado
pelos consórcios fabris
pelo mando acumulado
pelas ideias nazis
pelo dinheiro estragado
pelo dobrar da cerviz
pelo trabalho amarrado
que até hoje já se diz
que nos tempos do passado
se chamava esse país
Portugal suicidado.
..........................
Em "As Portas que Abril abriu"
José Carlos Ary dos Santos

Foto: "O mano João alfarrabista no Mercado de S.Bento" Arquivo Fot.CML/Ilustração Portuguesa 1907,30 Dezembro./Benoliel,Joshua

Comentários

Anónimo disse…
E acabava assim:
"...........
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe!
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu!"

As portas não as cerra todas, mas vai trocando as fechaduras...
sintrense
Graça Sampaio disse…
As Portas que Abril Abriu - e que estão quase a ser fechadas! Que raiva!

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