Porque hoje é Sábado...
O Paquete Funchal foi construído pela Empresa Insulana de Navegação e fez a sua viagem inaugural em 1961. O navio está imobilizado desde fevereiro de 2015, no cais da Matinha, em Lisboa. O último cruzeiro do navio foi realizado na viragem do ano de 2014 para 2015.
Quatro organizações europeias, incluindo a portuguesa, SOS Amianto,
manifestaram na sexta-feira preocupação com o leilão do Paquete Funchal, um
icónico português navio de 1961, por este possuir alegadamente cerca de cem
toneladas de amianto. O leilão, segundo Jornal Económico, realizou-se na sexta-feira em Londres,
Inglaterra, depois de uma empresa britânica Signature Living ter adquirido o
paquete há dois anos.
Texto do Jornal Económico de 28/01/2021:
"Num comunicado conjunto, as organizações estão alarmadas com o facto
do navio, que permanece atracado em Lisboa seja desmantelado.
“As licitações para o navio de passageiros, que foi comprado em 2018 pelo
grupo hoteleiro britânico por 3,9 milhões de euros, deverão começar nos 1,8
milhões de euros. Há rumores de que a embarcação – que permaneceu atracada em
Lisboa desde que foi comprada – será desmantelada”, lê-se.
O mesmo comunicado refere que o paquete tem a bordo “cerca de 100 toneladas
de amianto em estado friável, nomeadamente os tipos de fibra crisotilo, amosite
e tremolite, que foram identificados por uma auditoria de substâncias
perigosas”. E é referido que a exportação de resíduos perigosos, como o
amianto, é proibida pelo Regulamento de Envio de Resíduos da União Europeia.
Ou seja, o navio não poderá sair de Portugal enquanto possuir amianto.
O Paquete Funchal está ainda registado sob a bandeira de Portugal.
“De acordo com o artigo 6.º do Regulamento de Reciclagem de Navios da UE nº
1257/2013, os armadores devem assegurar que os navios com bandeira da UE
destinados a serem desmantelados, sejam apenas reciclados em instalações que
constam na Lista Europeia”, lê-se.
As organizações europeias alertam, por isso, que o novo comprador poderá
tentar contornar o regulamento.
“A remoção do amianto e a descontaminação da embarcação devem ocorrer em
Portugal, evitando a transferência de contaminantes para outro país,
nomeadamente aquele em que os critérios para a remoção do amianto não são tão
exigentes, e que podem colocar em risco a saúde dos trabalhadores de
desmantelamento de navios e as suas comunidades”, diz Carmen Lima, da SOS
Amianto, no comunicado.
“Dada a falta de procura destes serviços, é provável que o MV Funchal seja
comprado para sucata. É altamente possível que um comerciante de sucata,
conhecido por comprar em dinheiro, adquira o navio e que o leve para uma praia
no Bangladesh, Índia ou Paquistão, contornando as regras de reciclagem de
navios da UE e violando a legislação dos resíduos da UE”, acrescenta Ingvild
Jenssen, da NGO Shipbreaking Platform.
O navio em causa está na posse do Singature Living desde 2018, quando o
adquiriu por 3,91 milhões de euros. O navio foi vendido em hasta pública."
Créditos:Jornal Económico
Comentários