Porque hoje é Sábado...
TRINTA DINHEIROS
No bengaleiro do mercado público
penduraram o coração
Vestem o fato de domingos fáceis
Não têm rosto
têm sorrisos muitos sorrisos
aprendidos no espelho da própria podridão.
Têm palavras como sangessugas.
Curvam-se muito.
As mãos parecem prostitutas.
Alma não têm. Penduraram a alma.
Por fora parecem homens.
Custam apenas trinta dinheiros.
Manuel Alegre/Praça da Canção
*Foto: ruína da Praia da Aguda/Sintra
Comentários
A poesia é intemporal, mas a actualidade obriga-nos a voltar a ler e a ouvir as palavras que se pensava que já eram parte da história.
Abraço