A Convenção de Sintra de 1808


Palácio de Seteais

Em "Breve História de Lisboa Cidade do Mar", Malcolm Jack, descreve  alguns aspectos da Convenção de Sintra de 1808, que afinal foi assinada em Lisboa a 30 de Agosto de 1808 .Acordo sobre forma de armistício entre o exército invasor francês e o exército britânico, que estabeleceu as condições para a retirada do exército francês de Portugal,  em condições desfavoráveis para o país invadido...


"(...)Tem de ser ponto de partida a peregrinação de Childe Harold* uma viagem um tanto espiritual como fisica através da adversidade e aspereza, bem como a gradiosidade e nobreza. Um dos sítios por onde passa Childe Harold é o local do Palácio do Seteais, uma das casas dos Marialvas, onde Byron achou erroneamente ter sido o lugar onde fora assinada a Convenção de Sintra no ano anterior em 1808.
Segundo os termos da  Convenção, o general francês Junot foi autorizado a sair do país com o espólio do seu exército intacto. Ficou escrito que não haveria  quaisquer indemnizações para compensar os enormes prejuízos causados em Portugal, no acordo do armistício  que o comandante supremo britânico, Sir Hugh Dalrymple, concluira em Torres Vedras ali perto, o local dos últimos entrincheiramentos de Wellington. O negociador francês, Marechal Kellerman, deve ter ficado encantado com os termos do acordo de paz. Embora Dalrymple  possa ter tido um ponto de vista prático de que  os termos aceites sem mais derramamento de sangue, este foi um mau acordo para Portugal, deixando o país fraco à mercê dos Britânicos, algo que, se  não fosse o objectivo secreto da policia britânica, não prejudicava, no entanto os interesses dos Britânicos(...)."

Palácio de Seteais

Facilidades concedidas pelos Ingleses aos Franceses na Convenção de Sintra
(...)
Art. III. O Governo inglês fornecerá os meios de transporte para o exército francês, que desembarcará em qualquer um dos portos de França entre Rochefort e Lorient, inclusive.
Art. IV. O exército francês levará consigo toda a sua artilharia de calibre francês, com os cavalos do seu trem, e os [respectivos] carros munidos de 60 balas por peça. Toda a demais artilharia, armas e munições, tal como os arsenais navais e militares, serão entregues ao exército e à marinha britânica no estado em que possam estar no momento da ratificação desta Convenção.
Art. V. O exército francês levará consigo todos os seus equipamentos e tudo o que se compreende debaixo da denominação de propriedade do exército; ou seja, a sua caixa militar e as carruagens agregadas ao comissariado e aos hospitais de campanha; em alternativa, permitir-se-lhe-á negociar, por sua conta, aquela parte da mesma que o Comandante em Chefe julgue desnecessário embarcar. Da mesma forma, todos os indivíduos do exército serão livres para vender a sua propriedade particular, seja qual for, com plena segurança futura para os seus compradores.
Art. VI. Os cavalos da cavalaria serão embarcados, tal como os dos Generais e dos outros oficiais de todas as graduações. É contudo perfeitamente entendido que os meios de transporte dos cavalos à disposição dos comandantes britânicos são muito limitados; poderão conseguir-se alguns transportes adicionais no porto de Lisboa; os cavalos que se embarcarem pelas tropas não excederão o número de seiscentos, e o número embarcado pelo Estado Maior não excederá os duzentos. Em todo o caso, dar-se-á ao exército francês toda a facilidade para negociar os cavalos que lhe pertençam e que não se possam embarcar.
Art. VII. Com o objectivo de facilitar o embarque, este será feito em três divisões, compondo-se a última das quais principalmente pelas guarnições das praças, pela cavalaria, pela artilharia, pelos doentes e pelo equipamento do exército. A primeira divisão embarcará dentro de 7 dias a partir da data da ratificação, ou mais cedo, se possível.
(...)
A Convenção de Sintra de 1808 na Wikipédia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Conven%C3%A7%C3%A3o_de_Sintra

*Childe Harold´s Pilmrimage
NOME ORIGINAL_Childe Harold·s Pilgrimage (Inglaterra)
EDIÇÃO EM INGLÊS_ Lord Byron: The Major Works, Oxford University Press; 2000

Narra as viagens e os amores de um herói desencantado, ao mesmo tempo em que descreve a natureza dos países da região do Mediterrâneo. Os primeiros dois cantos do livro contemplam as viagens feitas por Byron pela Espanha, Portugal, Albânia e Grécia, entre outros países. O terceiro canto, escrito 6 anos depois, na Suíça, traz as auto-reflexões que caracterizam o "herói byroniano".


*Breve História de Lisboa Cidade do Mar/Malcolm Jack/ ed.Aletheia.

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