Cheias -reedição de um post de 20 de Fevereiro de 2008

A propósito de cheias, voltamos a publicar um post do blog em 2008, sobre a temática das cheias no Concelho de Sintra. Rio das Maçãs/Ribeira de Colares -Foto de 18/02/2008
Regresso ao tema das cheias, para transcrever um interessante artigo publicado no “Alvor de Sintra”, pelo sentido positivo de uma intervenção de há 10 anos do actual Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional, Nunes Correia, e que terá influenciado "a inclusão de zonas adjacentes ao leito de cheias de vários rios no PDM de Sintra. Em 1998, Nunes Correia, então professor do Instituto Superior Técnico, assinava uma comunicação no VII Congresso da Água, em que defendia “a necessidade urgente de delimitar áreas de risco de inundação no interior dos perímetros urbanos e de proceder à sua regulamentação através da figura de Zona Adjacente”, com base na análise da Ribeira das Lajes, em Sintra.

A alteração, proposta em conjunto com Graça Saraiva, arquitecta do Instituto de Agronomia, e Vítor Carmo, técnico da Câmara Municipal de Lisboa, surtiu efeito no concelho de Sintra no ano seguinte. Em 1999, o Regulamento do Plano Director Municipal de Sintra tornava “interdito”, nas zonas adjacentes às margens ameaçadas pelas cheias “implantar edifícios ou realizar obras susceptíveis de constituir obstrução à livre passagem das águas, destruir o revestimento vegetal ou alterar o relevo natural e instalar vazadouros, lixeiras, parques para sucata ou quaisquer outros depósitos de materiais”. e adianta o Alvor de Sintra que " O diploma remetia para legislação específica a Ribeira da Lajes, Rio Jamor e Rio de Colares, com mapas delimitando as zonas adjacentes, determinadas no final dos anos 80"
O estudo de Nunes Correia, datado de 1998, analisava a Ribeira das Lajes e apontava críticas à Câmara Municipal de Sintra. De acordo com o documento, que estudava a construção de edifícios em leito de cheias entre 1961 e 1991, “quatro edifícios foram construídos nesse intervalo de tempo numa parcela de alto risco”, com 100 por cento de área inundável. Nunes Correia acrescentava que outros 16 foram construídos em zonas abrangidas em mais de 50 por cento pela zona adjacente ao leito de cheias.

Sobre as responsabilidades na autorização da construção de edifícios em zonas de risco, Nunes Correia considerava que “este comportamento de algumas Câmaras Municipais e dos organismos do Ministério do Ambiente parece configurar uma situação de negligência, especialmente grave por pôr em causa a segurança de um número elevado de cidadãos que vive, na maior parte dos casos, na ignorância dos riscos que correm por habitarem em pleno leito de cheia”.

Este conhecimento do terreno talvez justifiquem as afirmações de Nunes Correia de ontem,sobre as responsabilidades das autarquias nas consequências das inundações, que parecem ter ofendido os autarcas e alguns responsáveis politicos...
Inundações de 1983 no Cacém, é visivel do lado esquerdo da foto o curso normal da Ribeira das Jardas, e á direita o leito da cheia. Ao fundo a fábrica Melka, semi-destruída.

Ontem em post, sobre estes tristes acontecimentos, considerava que a intervenção do programa Polis na baixa do Cacém, teria resolvido os erros do passado, mas o ponto da situação feito hoje pelo"Correio da Manhã" vem desmentir esse optimismo.Pontos negros da cheias de ontem.
CACÉM
Nem as obras de requalificação inseridas no programa Polis, que terminaram recentemente, resolveram os problemas das cheias na freguesia.

SACAVÉM
Moradores e comerciantes da Baixa afirmam nunca ter visto uma cheia com tanta intensidade. No centro, a água ultrapassou os 1,5 metros de altura.

LOURES
Detritos arrastados pela corrente acumularam-se em pontos de estreitamento, causando o transbordo do leito dos rios.


Inundações de 1983, no Cacém

Comentários

Valdemar Silva disse…
Aqui, junto da antiga Ponte da Ribeira da Jardas e em frente da antiga Junta de Freguesia, estava um virado um autocarro de passageiros.

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