Falcoaria no Palácio de Queluz
A Parques de Sintra disponibiliza, de terça a domingo, às 12h, nos
jardins do Palácio
de Queluz, exibições de falcoaria, num programa que inclui também a
visita guiada às instalações das aves, bem como à nova exposição sobre
falcoaria.
Pretende-se,
com o projeto, recuperar e dar a conhecer uma arte que teve grande
expressão na segunda metade do século XVIII, nomeadamente no Palácio de
Queluz, altura em que a Casa Real detinha
os falcões de caça mais raros e cobiçados (algumas das aves eram
trazidas de lugares longínquos, como os presentes de luxo oferecidos
pelos reis da Dinamarca ou pelo Grão-mestre da Ordem de Malta).
Sobre a falcoaria
A
falcoaria, ou cetraria, consiste na arte de adestrar e caçar com aves
de presa. O mais antigo testemunho desta prática é um baixo-relevo
encontrado
nas ruínas de Khorsabad, na antiga Mesopotâmia, datado do ano 1.400
a.C. Do seu berço asiático inicial, a falcoaria expandiu-se para oriente
com as invasões mongólicas e foi introduzida na China, de onde chegam
as primeiras notícias escritas sobre a sua prática
no século VII antes da era cristã. A sua introdução no Ocidente deu-se
em período mais tardio. Na Península Ibérica foi introduzida pelos
Suevos e Visigodos, muito antes da fundação de Portugal.
A
falcoaria gozou sempre de um estatuto de modalidade de caça nobre e,
nesse sentido, manteve-se apanágio das casas reais, não como forma de
obtenção de alimento mas como entretenimento, tendo
evoluído para uma atividade complexa e sofisticada, que lhe conferiu o
estatuto de arte.
Em
2010 a UNESCO reconheceu a riqueza do legado histórico e artístico da
falcoaria, registando-a na lista do Património Cultural Imaterial da
Humanidade.
As
aves de rapina formam um grupo muito biodiverso e estão representadas
em Portugal por cerca de 30 espécies diferentes. Têm uma longevidade
que pode variar entre os 15 e os 50 anos, consoante a espécie, e um
peso que pode oscilar entre 150 gramas do pequeno falcão-peneireiro e os
6 kilos da águia-real. Em regra, os falcões são caçadores que se
alimentam de vertebrados de sangue quente, sobretudo
outras aves, mas existem algumas rapinas com dietas muito
especializadas, incluindo a pesca e hábitos necrófagos. As rapinas são
consideradas um bom indicador da qualidade e vitalidade dos
ecossistemas, gozando de estatuto de proteção integral.
Apenas
um reduzido número de espécies é utilizado na prática da falcoaria,
sendo conhecidas como “aves nobres”. Apesar do seu ar poderoso, uma
vez adestradas não representam qualquer perigo para o Homem, devendo,
no entanto, ser manuseadas com precaução utilizando luvas de cabedal. A
utilização de falcões na caça reproduz um ato natural de predação, não
causa abates massivos, não compromete o equilíbrio
natural das espécies, pelo que a falcoaria é considerada uma forma de
caça sustentável e ecológica.
A Falcoaria do Palácio de Queluz
Atualmente
os falcões e restantes aves de rapina no Palácio de Queluz encontram-se
alojados nas antigas jaulas dos Jardins, perto do Canal de Azulejos
e da Escadaria Robillion. Este local, que em tempos albergou
algumas espécies exóticas, sofreu agora alterações para receber as aves
com todo o conforto.
Esta
zona constituiu desde sempre um polo lúdico bastante importante onde se
edificaram vários espaços vocacionados para o ócio e o entretenimento.
Nas jaulas, construídas em 1822 sob o Terraço do Pavilhão Robillion
e ladeando a Cascata das Conchas, ainda sobreviviam em 1833, durante o
período sangrento das lutas liberais, duas leoas, dois tigres e alguns
macacos, testemunho de um gosto pelo exótico
que, em diferentes níveis, sempre existiu em Queluz.
Antes
da Partida da Família Real para o Brasil, na totalidade das Reais
Quintas de Queluz, situadas nas envolvências do Palácio, existiam
búfalos,
corsas, gamos, veados, carneiros e cabras de Angola, entre outras
espécies animais mais vulgares. Nos numerosos lagos dos jardins vivia
uma população de 183 cisnes brancos e pretos, para além das pombas,
canários, catatuas e águias que a Rainha Carlota Joaquina
e as Infantas suas filhas possuíam em gaiolas e viveiros.
*Texto da PSML adaptado
*Texto da PSML adaptado
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