Porque hoje é Sábado...
Foi a 8 de Dezembro de 1930, que Florbela Espanca decidiu terminar a sua vida, com 46 anos.
ALENTEJANO
Deu agora meio-dia: o sol é quente
Beijando a urze triste dos outeiros.
Nas ravinas do monte andam ceifeiros
Na faina, alegres, desde o sol nascente.
Cantam as raparigas, brandamente,
Brilham os olhos negros, feiticeiros:
E há perfis delicados e trigueiros
Entre as altas espigas de oiro ardente.
A terra prende os dedos sensuais
A cabeleira loira dos trigais
Sob a bênção dulcíssima dos Céus.
Há gritos arrastados de cantigas...
E eu sou uma daquelas raparigas...
E tu passas e dizes: «Salve-os Deus!»
Florbela Espanca /Livro de Soror Saudade (1923)
ALENTEJANO
Deu agora meio-dia: o sol é quente
Beijando a urze triste dos outeiros.
Nas ravinas do monte andam ceifeiros
Na faina, alegres, desde o sol nascente.
Cantam as raparigas, brandamente,
Brilham os olhos negros, feiticeiros:
E há perfis delicados e trigueiros
Entre as altas espigas de oiro ardente.
A terra prende os dedos sensuais
A cabeleira loira dos trigais
Sob a bênção dulcíssima dos Céus.
Há gritos arrastados de cantigas...
E eu sou uma daquelas raparigas...
E tu passas e dizes: «Salve-os Deus!»
Florbela Espanca /Livro de Soror Saudade (1923)
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