Porque hoje é Sábado...
Apeeie-me no Parque, mandei esperar o cocheiro, e subi com um grupo de turistas a repetir a visita ao castelo.
(...)
Saimos por fim lá em cima, no zimbório e eu respirei fundo, reanimado. Ah, aquilo sim, aquilo é que era realeza, e da sempre-viva! Dedos apontados, os turistas esburacavam a tela da paisagem: Mafra, o Cabo da Roca, a barra do Tejo...
(...)
Nisto, resolvi trepar até ao cimo do zimbório, pela escadinha exterior, que é de dar vertigens. O cicerone opôs-se, declarou que não assumia a responsabilidade. Os outros visitantes ofereceram-me conselhos sensatos, que era um perigo, um pé em falso e zás...
Subi assim mesmo, quase de gatas.Era preciso ter unhas.E já não era a primeira vez.
Cheguei quase ao alto, sentei-me num degrau e fiquei só.Ficar só, aqui não é ficar desacompanhado: é ficar recolhido, mergulhando raízes em alguma coisa mais do que o panorama que realmente me rodeava.(...)
Excerto do conto. "Regresso à cúpula da Pena" de José Rodrigues Miguéis
Foto: No zimbório do Palácio da Pena. em Setembro de 1930
Comentários
Um abraço
Flor
Muito agradecido.
Manel A.
O conto "Regresso à Cúpula da Pena" está inserido no livro de José Rodrigues Miguéis, "LÉAH e OUTRAS HISTÓRIAS". O protagonista do conto está em Lisboa, no Rossio, e decide ir fazer, de comboio, uma visita a Sintra, Parque da Pena e Castelo dos Mouros. É muito interessante e vale a pena ler.
Nos anos cinquenta ainda se subia ao zimbório, pelo menos ao varandim que o circunda.
emília reis
Obrigado pelo comentário complementar ao excerto deste interessante conto de José Rodrigues Miguéis, passado entre Lisboa e o zimbório do Palácio da Pena.
Neste caso a transcrição é da "Antologia do Conto Fantástico português" 2ª edição remodelada (1ª edição 1967) ed.Afrodite.
Um abraço