Quinta Mazziotti em Colares


"Um favorito servidor do falecido rei, que tem nestes sítios uma grande propriedade, convidou-nos com toda a civilidade e delicadeza a visitá-la.

Julguei que entrava nos jardins de Alcínoo! Curvavam-se literalmente os ramos com os pesos dos frutos, e o mais leve abalo alastrava o chão de ameixas, laranjas e damascos.

Orgulha-se esta quinta de possuir uma grande cascata artificial, com tritões e golfinhos jorrando torrentes de água; mas eu não lhes prestei metade da atenção que o seu dono desejava, acolhendo-me à sombra das árvores do pomar, festejei as maçãs douradas e as purpúreas ameixas, que estavam caindo em abundância à roda de mim."

William Beckford em 1787 na visita que fez à Quinta Mazziotti
Eça de Queirós, na descrição da Quinta de João Brito (Quinta de José Dias)em o Primo Basílio:
«(...) sobre a estrada havia um mirante com um tecto chinês, ornado de bolas de vidro»

Notícia mais antiga a respeito desta propriedade remonta a 1588, quando foi autorgada ao fidalgo espanhol António Roiz de Arouche, tendo o seu neto vendido a quinta a Bento Dias Pereira Chaves, sargento-mor de Colares em 1757. Pereira Chaves construiu o actual palacete e, em 1778 instituiu o morgadio que englobava as seguintes quintas:Urca da Serra (Prazo da Rainha),Fonte Velha, Fieis de Deus ou da Porta(actual Quinta Mazziotti) ,Costa do Lago, Conde,espogeiro e Pombeiras.O morgadio foi herdado por seu filho, José Dias, que lhe introduziu alguns melhoramentos.”

"Foi por esta época que a propriedade tomou a designação de Quinta de José Dias, mais tarde nos inícios de século XIX, esta familia uniu-se aos Mazziotti de origem napolitana , de onde deriva a actual designação. Ali viveu o Dr.Carlos França (1877-1926),médico e cientista de nomeada."

Maria Teresa Caetano em “Colares”
*Fotos do jardim da Quinta Mazziotti obtidas nos anos 70


A imagem da Quinta Mazziotti, também está presente na Banda Desenhada. Jean Graton, retratando fielmente os cenários portugueses retrata a passagem por Colares do Rally Tap , Tintin, nº16 de 13-09-69 em “Rally em Portugal"




Comentários

Ana Mota Peixoto disse…
Quando o rallye descia do Penedo para Colares em 1972, de noite, lembro-me de acordar com a sensação que tinha um carro dentro da cama. O ruido era imenso quando metiam uma mudança mais forte para fazerem aquela curva. Mais tarde começou a subir e tornou-se mais suave.
pedro macieira disse…
Ana Maria Peixoto,
Obrigado pelo comentário.O Penedo assim como a Peninha e Lagoa Azul eram nessa altura um locais de eleição para ver os bólides em acção.
Milhares de espectadores moldavam as estradas de Sintra -havendo por vezes acidentes, motivados pela indisciplina de alguns - mas eram tempos memoráveis.
Cumprimentos

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