O Casino de Sintra

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José Alfredo da Costa Azevedo, em "Bairros de Sintra", conta algumas histórias sobre o Casino da Estefânia, numa época em que aquele interessante edifício partilhava o seu espaço com uma repartição de Finanças e um liceu, e que actualmente é o Museu de Arte Moderna de Sintra.

"O Casino hoje ocupado por repartições públicas e por um liceu, foi mandado construir pelo já falado Adriano Júlio Coelho sob projecto também do Norte Júnior.
Pouco durou esse Casino.Ficou mal situado e o Adriano Coelho não queria «batota».
Um dia estava a decorrer a sua construção, o saudoso Carvalho da Pena disse a Adriano Coelho : «Faça o casino em Sintra, Ele, aqui, não vinga!» Adriano Coelho, intrigado, perguntou: «Então, aqui não é Sintra?».retorquiu o Carvalho, que tinha muito espírito: «Não! Aqui é Lourel de Cima!».
Sobre as janelas do primeiro andar , via-se, em grandes letras, a palavra CASINO.
Logo alguém espalhou que aquelas letras queriam dizer:«Caro Adriano Sem Isca Nada Obténs.»
As obras do casino foram iniciadas sem licença e sem que tivesse sido apresentado na Câmara qualquer projecto. Por tal motivo foi aplicada uma multa, que a empresa pagou. Foi autuante, por ordem da Câmara , o cabo Simões, que durante muitos anos comandou o posto da Polícia de Segurança Pública. Depois disto , a construção foi legalizada. O Adriano Coelho, talvez por ter muito dinheiro , julgava-se um «quero, posso e mando». Contudo, é justo dizer que muito fez por Sintra. Por isso a homenagem que lhe foi prestada, dando o seu nome à rua em que estamos, foi um acto de inteira justiça.
Era no Casino que se realizavam os ensaios do Orfeão de Sintra e, antes, no cinema que foi substituído pelo Carlos Manuel. Foi seu regente o maestro Luís Silveira. Deu alguns concertos , mas teve vida efémera.deve ter acabado por volta de 1926 ou 1927. Chegou a ter cerca de duzentos elementos. Tudo acaba..."
Obras de José Alfredo da Costa Azevedo –1 Bairros de Sintra

O Museu de Arte Moderna de Sintra, ligado à Fundação Berardo depois de ter sido Casino, Repartição de Finanças e Liceu


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Comentários

Fatyly disse…
Já só o conheci como Liceu. Depois fecho, reconstrução ou arranjo e agora Teatro Olga Cadaval onde já fui várias vezes e uma delas foi o Concerto para bebés que me deleciei:) Lamento que o teatro Carlos Manuel, julgo ser aquele em frente à Câmara, esteja num total abandono.

Agora meu amigo, aquela estátua em frente meio corpo...um HORROR DOS HORRORES para o meu gosto.

Não fui ver a colecção de Berardo porque chegou o que vi em Belém e sinceramente não gostei.

Um abraço e as fotos estão fabulosas!
Caínhas disse…
Ainda fiz uma actuação com "OS DIAMANTES NEGROS" neste magnifico edifício no ano de 1964, para angariação de fundos da secção de basquetebol feminino do Hockey Clube de Sintra, já extinta (onde pontificavam, a Ana Maria Santos, filha do Camilo, e a Mamilena, das Azenhas do Mar).
Havia uma festa para a Misericórdia, também para angariação de fundos, que era a coroação da Rainha das Colectividades de Cultura e Recreio do Concelho de Sintra, cuja final chegou a ser feita ali.
Quando o Hockey Club de Sintra, representou Portugal em MONTREUX-SUIÇA, e foi campeão,foi ali feita uma homenagem aos campeões. Quando a elite-sintrense, (hoje chamar-se-ia eventualmente jet-set), queria dar uma festa num lugar mais "in" era feito ali.
O meu sogro trabalhou na construção deste edifício, e ficava horrorizado por ver a degradação galopante que aquilo a determinada altura estava a levar.
As madeiras eram da melhor qualidade tanto o chão como as portas e janelas. Quando foram substituídas pelas actuais de caixilharia de alumínio, o que não condeno porque, manter as madeiras bem tratadas naquele casarão, hoje custa muito dinheiro e, assim podem relaxar quanto à manutenção por um tempo superior. Só espero que quem ficou com elas soubesse o valor que levou, e não tenha sido o lume o seu destino. Assim poderão estar a fazer as delícias de alguém que as saiba apreciar, porque podres não estavam certamente.
O comentário anterior tem uma imprecisão quanto ao Cine-Teatro Carlos Manuel, mas essa emenda deixo ao cuidado do autor do blogue.
Um abraço
Anónimo disse…
É curioso que o Pedro tenha abordado, a propósito do Casino, este incidente. É que, passam no próximo domingo setenta anos sobre o falecimento de Carlos de Oliveira Carvalho - o Carvalho da Pena - ocorrido em 25 de Julho de 1940, em Sintra, na "Vila de S.Miguel" perto da Igreja de Santa Maria.
A Dra. Maria Almira Medina num belo texto que leu no Palácio Valenças em Maio de 2007, “A Memória é uma Rosa”, fez um apelo à C.M.S. para que colocasse, na casa onde faleceu, uma placa que evocasse a memória daquele que, no Parque da Pena, foi o continuador da obra de D.Fernando e da Condessa d'Edla, ao qual, sabemos, dedicou apaixonadamente a sua vida.
Muito interessante a informação que o Sr.Carlos Santos tem disponibilizado nos seus comentários.
emilia reis
pedro macieira disse…
Fatyly,

O antigo Cine-Teatro Carlos Manuel existiu no mesmo local onde é hoje o Olga Cadaval - o que refere penso que será o cinema da Portela em frente ao edifício da CMS, é pertença do comendador cá do sitío, e está à espera que o tempo o deite abaixo, assim como o edifício em ruínas(vermelho)da Estefânia, também sua propriedade, para conseguir talvez realizar outros projectos...
Quanto ao monumento do Brotero, pessoalmente gosto, como gosto de outros trabalhos dele.
Um abraço
pedro macieira disse…
Caínhas,
Obrigado pelo o seu comentário complementar ao post sobre o Casino.
Um abraço
pedro macieira disse…
Emilia,
Obrigado pelo comentários e pela lembrança da efeméride do 70 anos do falecimento de Carlo de Oliveira Carvalho no próximo dia 25 de Julho.
E também pela informação do apelo que Almira Medina fez em 2007 "A Memória é uma Rosa"
Um abraço

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