Um alerta sobre o Convento dos Capuchos

Rui Vasco Silva, no Blogue “SOS Capuchos”, faz um alerta sobre o estado de degradação e abandono em que se encontra o Convento dos Capuchos, cuja construção remonta ao séc XVI. Graffitis deixados por visitantes, falta de guias, necessidade urgente de obras de recuperação, questões da segurança do local, alguns dos aspectos que a PSML deveria ter em consideração.

A envolvência florestal arrasada pela intervenção “anti-infestantes“ que ocorreu em 2007, dá actualmente àquele local uma imagem que envergonha quem gosta de Sintra.
O que escreveria dos portugueses, William Beckford se hoje voltasse a Sintra e visitasse o
Convento da cortiça?

Fotos da entrada do Convento publicadas na "Illustração Portugueza" de 3 de Agosto de 1908

“Tenho para mim, porque a realidade assim me leva a concluir, que os Capuchos são a pedra no sapato das sucessivas tutelas. Centrando-me na actual, não é difícil concluir que o Convento é o parente pobre dos Parques sob controlo da Sociedade PSML, razão pela qual o investimento (não apenas mas também financeiro) realizado pela empresa nos diferentes espaços que tutela é tão desiquilibrado, e desajustado face às necessidades dos mesmos.”
Rui Vasco Silva no Blogue “SOS Capuchos”

Comentários

Rui Silva disse…
Maravilhosas fotografias, Pedro.
Anónimo disse…
Considerar aquele matagal, medonho, de acácias de "envolvência florestal" é que é estranho.

No tempo de Beckford a serra era extremamente árida tal como Monsanto.

A Serra de Sintra foi frondosa até aos sec. XV/XVI.Depois foi devastada pelo homem. Só no sec.XIX é que voltou a ter mais vida com a chegada do Rei D. Fernando.
Rui Silva disse…
A serra era extremamente árida? De certeza? Tenho lido, aqui e ali, de forma consistente, que precipitação e humidade não eram problema em Sintra...

Quererá antes dizer que no tempo de Beckford haveria pouca floresta nas imediações do Convento? Sim, de facto assim era. Basta olhar para as ilustrações daquele tempo.

Em todo o caso, o objectivo da PSML é devolver a "aridez" (para usar a sua expressão) a Sintra? Querem deixar os granitos todos à vista, para reproduzir a paisagem dos séculos XVIII e XIX? É que para lá se caminha, nos "Parques de Sintra".

Chamar "Matagal medonho" a espaços de beleza rara como era, até há uns anos atrás, a Tapada D.Fernando II parece-me anedótico, e triste. Prova uma de duas coisas: ou quem o diz nunca lá foi; ou não tem a capacidade de sentir a forma como o tal "matagal" correspondia, de facto, ao espírito do local.

Para os mais curiosos:

http://sintraemrisco.no.sapo.pt/Imagens/Tapada/tdf2_antes_depois.jpg

Publicarei aqui, mais tarde, um link para uma fotomontagem na qual se compara o belissimo "Matagal" da tapada de D.Fernando II com o descampado cheio de madeira cortada em que se tornou depois...

Eu assino:
Rui Vasco Silva
Rui Silva disse…
A serra era extremamente árida? De certeza? Tenho lido, aqui e ali, de forma consistente, que precipitação e humidade não eram problema em Sintra...

Quererá antes dizer que no tempo de Beckford haveria pouca floresta nas imediações do Convento? Sim, de facto assim era. Basta olhar para as ilustrações daquele tempo.

Em todo o caso, o objectivo da PSML é devolver a "aridez" (para usar a sua expressão) a Sintra? Querem deixar os granitos todos à vista, para reproduzir a paisagem dos séculos XVIII e XIX? É que para lá se caminha, nos "Parques de Sintra".

Chamar "Matagal medonho" a espaços de beleza rara como era, até há uns anos atrás, a Tapada D.Fernando II parece-me anedótico, e triste. Prova uma de duas coisas: ou quem o diz nunca lá foi; ou não tem a capacidade de sentir a forma como o tal "matagal" correspondia, de facto, ao espírito do local.

Para os mais curiosos:

http://sintraemrisco.no.sapo.pt/Imagens/Tapada/tdf2_antes_depois.jpg

Publicarei aqui, mais tarde, um link para uma fotomontagem na qual se compara o belissimo "Matagal" da tapada de D.Fernando II com o descampado cheio de madeira cortada em que se tornou depois...

Eu assino:
Rui Vasco Silva
pedro macieira disse…
Caro anónimo,
Agradeço a sua visita e o seu comentário.
Ora diz-me que a serra de sintra, era frondosa até ao "Séc.XV/XVI.Depois foi devastada pelo homem"- ora o que aconteceu na Tapada D.Fernando em 2007 foi a serra ter sido devastada de novo, e actualmente não existir nenhum D.Fernando para a replantar...
Quanto à "envolvência florestal" termo que critica, era um facto-e não era só as "horriveis" acácias eram cedros, pinheiros e eucaliptos, que se desenvolveram desde que D.Fernando os mandou plantar.Se tiver oportunidade suguro uma visita aos Capuchos para verificar o estado da Tapada. Também pode passar por Monserrate e Seteais e ver o que andam por lá a fazer.

Pedro Macieira
pedro macieira disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
pedro macieira disse…
Continuação do comentário do meucomentário anterior

Assunto :"Matagal medonho".

Excerto de uma notícia do Jornal Público de 23/01/2009 de Luis F.Sebastião.

”A polémica em torno das acções da Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML) na serra não é de agora. Em Agosto de 2007, cidadãos e partidos manifestaram-se contra a desflorestação da Tapada de D. Fernando II, por não envolver só acácias e pitósporos, mas também espécies não-infestantes. As dúvidas estendiam-se ao destino da madeira cortada, que um técnico florestal garante ter ficado na posse da empresa contratada para a limpeza.”-


"Algumas zonas, principalmente junto aos muros do parque da Pena e mais próximo do acesso ao antigo convento, eram ladeadas por uma densa área florestal.
Este cenário foi radicalmente alterado nas últimas semanas, mediante o corte da maioria das árvores numa faixa de várias dezenas de metros a partir da via pública. Onde antes a vista repousava num manto verdejante, composto por espécies variadas, das folhosas autóctones às infestantes exóticas, restam clareiras com o terreno revolvido, com cotos de troncos de pequeno porte. Os escassos restos por retirar, na Tapada de Monserrate, permitem identificar o abate de alguns cedros de grande porte e aparentemente de boa saúde fitossanitária. Nas tapadas do Mouco e D. Fernando II, e na envolvente do Convento dos Capuchos, ficaram de pé uns quantos pinheiros ou eucaliptos. Algumas zonas apresentam estacas condutores de espécies entretanto plantadas. Mas que, na Tapada D. Fernando II, estão já ameaçadas pelo recrudescimento do acacial.”
* Texto do Jornal "Público" de 23/01/2009

Pedro Macieira
pedro macieira disse…
Comentário III
No mesmo artigo do Público transcrevo as afirmações de um ex-Director do Parque Natural Sintra-Cascais, e ex-admnistrador da PSML:

"As intervenções realizadas nas tapadas da serra contrariam todas as orientações preconizadas pela Autoridade Florestal Nacional", considera Carlos Albuquerque, ex-director do Parque Natural de Sintra-Cascais. O também antigo administrador da PSML, sociedade pública que gere os parques e monumentos da serra, entende que "as acções estão a pôr em causa a própria vivência" de Sintra, e que a "desarborização completamente injustificada" ameaça a biodiversidade na área protegida e aumenta as condições para a proliferação de infestantes e a erosão dos solos.
Estas preocupações são partilhadas por um técnico florestal, que salienta o cuidado a ter com a desflorestação de zonas infestadas de acácias, pois o ensombramento condiciona o crescimento de novas plantas. "Vai ser preciso limpar todos os anos estas zonas porque senão as acácias vão engolir as novas plantações", nota o especialista, embora desconheça a dimensão dos cortes.

Pedro Macieira
Anónimo disse…
Quem passa na estrada pode ver inúmeras estacas brancas dentro da Tapada D. Fernando.

Pelo que se pode ver, estão lá plantados sobreiros, carvalhos, cedros, pinheiros e mais uns arbustos que não consegui identificar. E são bastantes.

As acácias estão, aos poucos, a deixar de rebentar por via dos cortes sucessivos.

Dentro da cerca do Convento também pude identificar, à direita e à esquerda do caminho muitas árvores nobres, umas de plantação recente e outras já com cinco ou seis anos. São muito fáceis de ver.

Espero que não plantem eucaliptos, pitosporos, nem as famigeradas acácias.

Para quem conhece um pouco de árvores foi engraçado ver a fotografia de um tronco cortado, publicada no Público. Aquilo é .........uma acácia.

Excertos de artigos de jornal, nos dias que correm, podem não valer nada. Como todos sabemos.

José Cabral
Anónimo disse…
Está provado, provaram-no os Serviços Florestais de Sintra, que as acácias se não combatem nem por cortes sucessivos nem, sequer, pela remoção de terras. Voltam a rebentar não só os troncos abatidos como as sementes que por lá ficaram. "Se não podes vencer o teu inimigo, junta-te a ele" - dizia-me há tempos o Engº. José Calçada de Oliveira muitos anos à frente dos Serv.Florestais de Sintra. É com elas, eliminando as mais pequenas e deixando as adultas de forma a conseguir uma maior mancha de sombra que se consegue, lentamente, evitar a sua maior proliferação.

Aliás, a praga das acácias não se estende só às zonas da Serra administradas pelo Estado, estende-se também, a outras propriedades particulares, contíguas a estas.

Não ouvi falar em nenhum plano organizado,(o que em 2000 era quinquenal nunca deve ter sido posto em marcha) para a erradicação das infestantes na Serra de Sintra. Por isso, não acredito na eficácia destes cortes.

A não ser que as verbas destinadas à recuperação dos Parques Históricos e do Chalet da Condessa sejam investidas, sazonalmente, no trabalho de remoção de todas as plantas jovens que entretanto forem rebentando.

Só como achega acrescento que, a péssima forma que a PSML tem de se relacionar com a opinião pública, nomeadamente a falta de informação clara sobre o trabalho que tem desenvolvido nos últimos tempos nada contribui para uma saudável relação com ela. Tem feito algumas coisas bem, é verdade, mas, a prioridade que deu à execução de outras pode ser muito discutível.

Fica-me a sensação de que,a política de informação que a Empresa mais privilegia é a de:
"Quero, Posso e Mando".
E, tenho pena que isso aconteça...
emília reis
pedro macieira disse…
Caro José cabral,

Eu considero que há jornais e jornais...E o texto que transcrevi para reforçar a idéia de que o está acontecer na Serra de Sintra,é do jornal Público,e o texto de um jornalista que considero sério: Luis Filipe Sebastião.
Quanto à foto que o Público publicou será uma decisão editorial que não é minha, mas também lhe digo que há quem defenda que o corte mesmo das acácias não deixa de ser errado.

Publiquei em 2007,neste blogue várias fotos de cedros cortados,na zona da estrada que vai dar ao cruzamento do Cabo da Roca.

Diz-me que viu junto aos Capuchos várias espécies nobres, e outras plantadas com 5 ou 6 anos!!!Então também viu o que eu mostrei nas fotos que publiquei em 2007 e agora em 2009... uma zona devastada a moto serra sem nenhum critério ou melhor com critério de destruir o que lá existia.

Quanto tempo demorará que essas "espécies nobres" como chama e o que foi plantado em 2007, a criar a tal envolvente florestal como eu chamei e que existia antes da intervenção da PSML e que caracterizava aquele local?

Ao visitar o local, se realmente gosta da Serra de Sintra e daquela tapada em particular não acredito que tenha gostado do que viu.
Cumprimentos
Pedro Macieira
Anónimo disse…
Para mim, o factor tempo tem muita importância.

Agora, digo e repito, as acácias devem ser erradicadas. Parece uma devastação, mas os meus Filhos e Netos vão poder desfrutar de muitos sobreiros, castanheiros, carvalhos, cedros, etc. adultos e espero que lindos em vez do matagal de acácias.

Vai-me desculpar mas eu consigo olhar para a Tapada D. Fernando e imaginar o que será daqui a dez anos.

As árvores estão lá plantadas.

Graças a Deus este ano choveu bastante, o que ajudou os pequenos pés a viver..

D. Fernando não teve, com certeza, a mesma visão que nós temos hoje em dia no Parque da Pena.

Vi "dentro dos Capuchos" muitas árvores plantadas ao longos dos últimos seis anos e ainda o ano passado lá foram introduzidas umas largas centenas. Também lá via acácias e silvas que já lá não estão.

Isto, a par do arranjo dos muros, temos de reconhecer que vai mais para o caminho certo do que para o deixa andar dos últimos 35 anos.

Segundo li no site da Parque de Sintra ( em "Notícias" ) foram plantadas para cima de 20.000 árvores na Tapada de Monserrate. Dizem eles que plantaram carvalho Português, carvalho negral, sobreiro, freixo e cedro do Buçaco.

Já vi vários grandes fogos na Serra e aí, sim, não gostei do que vi.

Cumprimentos e bom fim-de-semana,

José Cabral

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