A Serra de Sintra, os cortes de árvores e os resultados
Foto da Tapada D.Fernando II em Agosto de 2007 durante os trabalhos de desflorestação
Um artigo do jornal “Público” de sexta-feira, 23/01/2009 destaca que a «Associação de Defesa do Património de Sintra vai questionar o ministro do Ambiente sobre exagero da intervenção em área protegida - O corte de arvoredo na serra de Sintra, nas tapadas entre a rampa da Pena e a estrada para os Capuchos, está a preocupar técnicos e ambientalistas por ameaçar a "vivência" da Paisagem Cultural classificada pela UNESCO.»
Em 2007 o mesmo problema aconteceu na Tapada D.Fernando II, e como também lembra o jornal “Público” de ontem em artigo de Luis Filipe Sebastião:
”A polémica em torno das acções da Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML) na serra não é de agora. Em Agosto de 2007, cidadãos e partidos manifestaram-se contra a desflorestação da Tapada de D. Fernando II, por não envolver só acácias e pitósporos, mas também espécies não-infestantes. As dúvidas estendiam-se ao destino da madeira cortada, que um técnico florestal garante ter ficado na posse da empresa contratada para a limpeza.”- Nessa altura com pena nossa não se conseguiu ouvir a voz da ADPS, voz importante nas coisas de Sintra...
Foto da Tapada D.Fernando II de Agosto de 2007, durante os trabalhos de desflorestação
O programa de desflorestação justificado pela eliminação de espécies invasoras continuou e ainda é o Jornal "Público" que comenta:
“Algumas zonas, principalmente junto aos muros do parque da Pena e mais próximo do acesso ao antigo convento, eram ladeadas por uma densa área florestal.
Este cenário foi radicalmente alterado nas últimas semanas, mediante o corte da maioria das árvores numa faixa de várias dezenas de metros a partir da via pública. Onde antes a vista repousava num manto verdejante, composto por espécies variadas, das folhosas autóctones às infestantes exóticas, restam clareiras com o terreno revolvido, com cotos de troncos de pequeno porte. Os escassos restos por retirar, na Tapada de Monserrate, permitem identificar o abate de alguns cedros de grande porte e aparentemente de boa saúde fitossanitária. Nas tapadas do Mouco e D. Fernando II, e na envolvente do Convento dos Capuchos, ficaram de pé uns quantos pinheiros ou eucaliptos. Algumas zonas apresentam estacas condutores de espécies entretanto plantadas. Mas que, na Tapada D. Fernando II, estão já ameaçadas pelo recrudescimento do acacial.”
* Texto integral da notícia do Jornal "Público" de 23/01/2009-aqui
**Post de 2007 sobre a Tapada D.Fernando II-aqui
A Tapada D.Fernando II, 538 dias depois...
Foto da Tapada D.Fernando II em 23 de Janeiro de 2009
Em 2007, em resposta aos nossos pedidos de explicações face ao grau de desflorestação que estava a ocorrer na Tapada D. Fernando II, foi-nos enviado uma explicação por parte do EngºJaime Ferreira,Director Técnico da PSML, de que transcrevemos os seguintes parágrafos:
“Na Tapada D. Fernando II, a intervenção que vimos desenvolvendo consiste na redução do coberto florestal no perímetro da propriedade e nas margens dos caminhos, eliminando as espécies invasoras e retirando árvores e ramos de risco para salvaguarda de pessoas e bens.
No Convento dos Capuchos, a intervenção consiste em remover as espécies invasoras, remover árvores e ramos de risco e retirar lenhas caídas.
Na Tapada de Monserrate, para a qual está a ser desenvolvido um Projecto de Beneficiação Florestal ao abrigo do Programa AGRO, as acções consistem na remoção da vegetação invasora, no desbaste do pinhal e na beneficiação de caminhos florestais.”
*Texto da resposta da PSML em 2007 -Aqui
Foto da entrada do Convento dos Capuchos em 23 de Janeiro de 2009
Hoje, 538 dias depois da desflorestação que foi levada a efeito na Tapada D.Fernando II o impacto daquela intervenção em 2007,é desolador e desconfortável e irá permanecer por muitos anos. Local, antes frondoso com uma grande exuberância florestal e que agora só fará parte da memória daqueles que o conheceram antes.
O acesso ao Convento dos Capuchos continua com cercas de arame o que dá uma má impressão a quem pretende visitar aquele local. E quem não conheça aquele acesso vai pensar de certeza que se enganou no caminho.
Foto da Tapada D.Fernando II em 23 de Janeiro de 2009
Actualização Jornal Público de 24-01-2009 -aqui
Um artigo do jornal “Público” de sexta-feira, 23/01/2009 destaca que a «Associação de Defesa do Património de Sintra vai questionar o ministro do Ambiente sobre exagero da intervenção em área protegida - O corte de arvoredo na serra de Sintra, nas tapadas entre a rampa da Pena e a estrada para os Capuchos, está a preocupar técnicos e ambientalistas por ameaçar a "vivência" da Paisagem Cultural classificada pela UNESCO.»
Em 2007 o mesmo problema aconteceu na Tapada D.Fernando II, e como também lembra o jornal “Público” de ontem em artigo de Luis Filipe Sebastião:
”A polémica em torno das acções da Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML) na serra não é de agora. Em Agosto de 2007, cidadãos e partidos manifestaram-se contra a desflorestação da Tapada de D. Fernando II, por não envolver só acácias e pitósporos, mas também espécies não-infestantes. As dúvidas estendiam-se ao destino da madeira cortada, que um técnico florestal garante ter ficado na posse da empresa contratada para a limpeza.”- Nessa altura com pena nossa não se conseguiu ouvir a voz da ADPS, voz importante nas coisas de Sintra...
Foto da Tapada D.Fernando II de Agosto de 2007, durante os trabalhos de desflorestação
O programa de desflorestação justificado pela eliminação de espécies invasoras continuou e ainda é o Jornal "Público" que comenta:
“Algumas zonas, principalmente junto aos muros do parque da Pena e mais próximo do acesso ao antigo convento, eram ladeadas por uma densa área florestal.
Este cenário foi radicalmente alterado nas últimas semanas, mediante o corte da maioria das árvores numa faixa de várias dezenas de metros a partir da via pública. Onde antes a vista repousava num manto verdejante, composto por espécies variadas, das folhosas autóctones às infestantes exóticas, restam clareiras com o terreno revolvido, com cotos de troncos de pequeno porte. Os escassos restos por retirar, na Tapada de Monserrate, permitem identificar o abate de alguns cedros de grande porte e aparentemente de boa saúde fitossanitária. Nas tapadas do Mouco e D. Fernando II, e na envolvente do Convento dos Capuchos, ficaram de pé uns quantos pinheiros ou eucaliptos. Algumas zonas apresentam estacas condutores de espécies entretanto plantadas. Mas que, na Tapada D. Fernando II, estão já ameaçadas pelo recrudescimento do acacial.”
* Texto integral da notícia do Jornal "Público" de 23/01/2009-aqui
**Post de 2007 sobre a Tapada D.Fernando II-aqui
A Tapada D.Fernando II, 538 dias depois...
Foto da Tapada D.Fernando II em 23 de Janeiro de 2009
Em 2007, em resposta aos nossos pedidos de explicações face ao grau de desflorestação que estava a ocorrer na Tapada D. Fernando II, foi-nos enviado uma explicação por parte do EngºJaime Ferreira,Director Técnico da PSML, de que transcrevemos os seguintes parágrafos:
“Na Tapada D. Fernando II, a intervenção que vimos desenvolvendo consiste na redução do coberto florestal no perímetro da propriedade e nas margens dos caminhos, eliminando as espécies invasoras e retirando árvores e ramos de risco para salvaguarda de pessoas e bens.
No Convento dos Capuchos, a intervenção consiste em remover as espécies invasoras, remover árvores e ramos de risco e retirar lenhas caídas.
Na Tapada de Monserrate, para a qual está a ser desenvolvido um Projecto de Beneficiação Florestal ao abrigo do Programa AGRO, as acções consistem na remoção da vegetação invasora, no desbaste do pinhal e na beneficiação de caminhos florestais.”
*Texto da resposta da PSML em 2007 -Aqui
Foto da entrada do Convento dos Capuchos em 23 de Janeiro de 2009
Hoje, 538 dias depois da desflorestação que foi levada a efeito na Tapada D.Fernando II o impacto daquela intervenção em 2007,é desolador e desconfortável e irá permanecer por muitos anos. Local, antes frondoso com uma grande exuberância florestal e que agora só fará parte da memória daqueles que o conheceram antes.
O acesso ao Convento dos Capuchos continua com cercas de arame o que dá uma má impressão a quem pretende visitar aquele local. E quem não conheça aquele acesso vai pensar de certeza que se enganou no caminho.
Foto da Tapada D.Fernando II em 23 de Janeiro de 2009
Actualização Jornal Público de 24-01-2009 -aqui
Comentários
O tempo deu-nos razão, infelizmente...
Mas atenção: os atentados da PSML contra o património que gere vão muito (muitíssimo) para além das Tapadas, e da questão dos abates de árvores.
Veja-se o estado a que chegou o Convento dos Capuchos. É apenas um exemplo... mas que exemplo!
Um abraço
Rui Vasco Silva
Aproveito para te convidar a ler este post, sobre um tema tristemente actual, relativamente a Sintra:
http://espiral-dourada.blogspot.com/2009/01/sos-azulejos.html
Abraço
Rui
E caricato porquê? Quando da sua construção, "no antigamente", para poupar um eucalipto que se encontrava naquele lugar, foi aberto um buraco circular na estrutura do telhado para que pudesse, assim, continuar a crescer.
Teve sorte e lá continua esguio e feliz com os ramos ao vento até que a motoserra passe por ali e se lembre de o nomear para abate.
emilia reis
A imagem de hoje da Tapada D.Fernando II e a medida de protecção do "esguio eucalipto", parece absurda, e impensável pelo contraste.
A "crise" que nos envolve não é só financeira e económica tem outros valores.
Um abraço
Pois é 538 depois, as vozes que estiveram mudas quando tentámos chamar a atenção para as consequências do desbaste indiscriminado de árvores que a Tapada D.Fernando II estava a sofrer, começaram agora a acordar.
Tarde demais basta ver o estado em que hoje quase dois anos depois está a zona dos Capuchos.
Será que a Quercus ainda defenderá hoje medidas como a a que PSML tomou?
Um abraço
538 dias depois...
Pedro Macieira