Os acessos proibidos de Seteais

Texto da Alagamares sobre o encontro com a imprensa no dia 18 em Seteais

Munícipes e visitantes de Seteais que se deparam com o acesso aos jardins e miradouro encerrado juntaram-se dia 18 com a comunicação social ás portas do encerrado jardim pugnando por uma solução intermédia que não prive por tempo indeterminado os visitantes duma das mais belas vistas de Sintra,espaço público consagrado em escritura desde 1801 e imposto como tal aos sucessivos proprietários do Palácio e concessionários do Hotel.

É sabido que decorrem obras por cerca de 1 ano. Contudo, e dentro dum critério de segurança e não perturbação, afigura-se poder ser criado um percurso que sem colidir com as obras não tire aos muitos visitantes de Sintra o panorama ímpar da vista quer para o palácio quer para a várzea, num dos enquadramentos mais conhecidos e mais belos de Sintra. Algo que se afigura que o IGESPAR pode supervisionar e acertar com o Grupo Espírito Santo, concessionário do Hotel,ou a Parques de Sintra Monte da Lua que em breve passará também a ter responsabilidades na gestão do local.

O Grupo Espírito Santo, que inclui a rede de hotéis Tivoli, é apenas concessionário do palácio. Urge repor a legalidade. As obras em curso, com as devidas medidas de segurança, são perfeitamente compatíveis com a continuidade das visitas aos jardins,e ao fim de 6 meses que já passaram nenhuma vala ou obra exterior foi executada ou está para abrir que possa inviabilizar um trajecto razoável.

Existe um passado histórico deste local que José Alfredo da Costa Azevedo nas Velharias de Sintra tão bem recorda que devemos exigir seja respeitado. Escreve ele que, já em acta de reunião de câmara de 9 de Agosto de 1800 pode ler-se: "Povo de Cintra não consentais que se feixe o campo de Senteais".Esperam os sintrenses que seja cumprida a obrigação 4ª. da escritura de aforamento de 1801 entre a Cãmara e o Marquês de Marialva,proprietário à época, que diz expressamente que: "as sobreditas portas francas e publicas do referido gradeamento do mesmo campo que derem serventia para a entrada e sahida do dito paceio publico serão construidas de tal forma que sem dependência alguma possam entrar e sahir por ellas todas as pessoas que delle se quizerem servir e utilizar, sem nunca em tempo algum estarem fechadas com chave, ferrolho, cadeado ou outro fecho semelhante",- perfeitamente conciliável com uma estratégia de segurança das pessoas que visitam aquele espaçoFoi para que este direito lhes não fosse negado que se bateram os habitantes da Vila de Sintra em 1801, 1897 e 1934, apoiados pelos respectivos presidentes da Câmara da altura,sempre que se quiz retirar ou restringir o público acesso ao espaço público.

Não se trata de um capricho ou de uma embirração. Trata-se de honrar, também, a vontade daqueles que nos precederam Em 1934 o próprio José Alfredo interveio e conta que chegaram a tocar o sino a rebate só por ter constado que o acesso ao Penedo da Saudade estava vedado com uma cancela.Ora, o acesso ao Penedo da Saudade já se perdeu na década de noventa por ocasião de obras, também efectuadas pelo actual concessionário do Hotel, nas traseiras do palácio.A recente aprovação pela Assembleia Municipal de Sintra de uma moção exigindo a reabertura do espaço público poderá ajudar a ultrapassar a questão, não obstante os supostos entraves técnicos que estão por demonstrar.,mas a que não parece ter sido dado seguimento em desrespeito pelos eleitos locais de Sintra.



Comentários

Unknown disse…
Nem quero acreditar que tal aconteceu. Fechar as portas ao público, aos sintrenses, ao Mundo. O que é de todos não devia ser visitado só por alguns.
Portugal está a ficar como o Brasil: acentua-se a diferença entre rico e pobre... Os acessos estão interditos, sim... Aos pobres.

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