Porque hoje é Sábado...
Pró Mário Cesariny
Entre a nuvem
e o teu braço
vai o espaço dum ano solar
vai a distância que une
a existência ao infinito
Entre mim
e aquilo que nunca existiu
por ser demasiado belo
vai a distância do vento
que sai exaustivamente
dos teus seios
A sombra
-talvez da própria noite-
sempre gravada
em sinais só por mim vistos
por mim sonhados
nada mais que a sombra longa
para além dos mares de Saturno
processo já procurado há séculos
por alquimistas sábios
loucos
a sombra
só eu a vejo
deixa que eu a veja
sempre entre mim e ti
a bola de cristal o cigarro
tudo que me falta
tudo que está mais além da montanha.
Mário-Henrique Leiria /Obras completas
*Foto no cemitério dos Prazeres Dezembro 2016
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