A CONDESSA D'EDLA


Elise Hensler de origem suíço –alemã , nasceu a 22 de Maio de 1836 em La Chaud-de-Fonds. Estudara em Paris e já tinha actuado no Scala de Milão quando chegou a Portugal integrada na Companhia de Ópera de Laneuville para actuar inicialmente no Teatro S.João no Porto, a seguir actuou no S.Carlos em Lisboa, (1860 ) com 24 anos. Encontrando-se na plateia D.Fernando II (Príncipe de Saxe-Coburg-Gotha perdeu-se de amores pela bela cantante.D.Fernando II “rei-artista”, viúvo de D.Maria II, Rei-regente, uma vez que D.Pedro ainda era menor. Casa com Elise d’Edla em 1869 concedendo-lhe o título de Condessa d’Edla, (Região da Alemanha) casamento que dividiu a nobreza. Preconceitos derivados da origem da nova Condessa e também por ser cantora de ópera.

O Casal refugia-se em Sintra onde D.Fernando II tinha comprado em hasta pública o Mosteiro da Nossa Senhora da Pena, abandonado e em ruínas,e outros monumentos para recuperar.Em 1841 D.Fernando decidiu construir um castelo de sonho romântico, ao estilo de Luis II da Baviera.

Desta decisão nasceu Palácio da Pena, e a reconstrução do Castelo dos Mouros . Também desenhou uma envolvente botânica, reflorestando e plantando muitas árvores exóticas trazidas expressamente das colónias, e importando espécies da América e da Europa.Criando um bosque (Parque da Pena)com caminhos e locais para descanso dos visitantes, com fontes e lagos.D.Fernando II era uma apaixonado pela botânica, e a ele e também á cumplicidade da Condessa se deve o actual património florestal da serra de Sintra.

O CHALET DA CONDESSA



Com o objectivo de terem um a residência separada do Palácio da Pena onde FernandoII vivia , mandaram edificar a casa do Regalo e mais tarde Chalet da Condessa, edifício hoje parcialmente destruido por um incêndio em 1999.Com a morte de D.Fernando II, em 1885 rebentou novo escândalo, pois por testamento D.Fernando II , tinha legado todo os seus bens incluindo todos os monumentos de Sintra a sua mulher (Castelo dos Mouros e Palácio da Pena).D.Carlos I, filho de D.Luis recupera em 1889 para o Estado Português os dois monumentos , pagando uma indemnização à Condessa.

A Condessa abandona Sintra e foi viver com uma sobrinha Alice, que mais tarde se veio a verificar ser sua filha .(mistério nunca desvendado).*

Elise Hensler, sendo uma pessoa com bastante cultura, e interessada pelas artes e pela botânica colaborou com o marido em todos este projectos que ainda hoje , temos o prazer de usufruir, (Parque da Pena),dedicou-se com D.Fernando ao mecenato apadrinhando inumeros artistas entre eles Columbano e Viana da Mota.

Elise Hensler faleceu com 92 anos no dia 21 de Maio de 1929 em Lisboa.

Em Agosto de 2006, o Chalet espera ainda reconstrução, mesmo com estranhas manobras de recolha de receitas através da utilização da Tapada do Mouco pela TVI, para o “reality Show” 1ª Companhia, que não correu bem especialmente para a serra de Sintra. Elise Hensler mereceria de Sintra um melhor tratamento, e que não fosse à custa de abate de árvores que o seu Chalet alguma vez seja reconstruído.


Link relacionado:

A Tapada do Mouco, a factura e o PNSC



Notas* Génea Portugal , regista como filha do 2ºcasamento Alice Hensler

Comentários

Anónimo disse…
Convém estar atento á recuperação deste imóvel,e seria interessante a criação dum grupo de pressão nesse sentido.E porque não no local um Museu do Romantismo,que em Sintra tem tantas referências?
pedro macieira disse…
Segundo parece a responsabilidade é do Parque Sintra Monte da Lua,que apresentou uma candidatura a fundos da EFTA, para a recuperação do Chalet e dos jardins ,em 2006 , mas não sei se o Parque, ainda pensa nesse projecto ou mesmo se alguém está a pensar em fazer alguma coisa. Mas concordo que não se pode ficar quieto,
a criação de um grupo de pressão,seria positivo pois acredito que sem mediatização desta situação, o assunto ficará eternamente adormecido.
Anónimo disse…
Fica para falar em encontro em breve...
Anónimo disse…
Mais do que falar, é preciso agir. A comissão da Unesco, que visitou o património mundial de Sintra recentemente, aponta no seu relatório para a necessidade urgente de se reabilitar o Chalet da Condessa d'Edla (ver artigo "Defender Sintra do Cimento", no DN-Notícias Magazine, de 23.08.2006, por Isabel Stilwell). E será que nós já não sabíamos disto, há cerca de 7 anos, ou precisamos que sejam sempre os outros a vir dizer-nos o que devemos fazer para organizar a nossa casa?

Pelo que parece, desde 1999, altura em que se deu o fogo no chalet, que nada foi feito. Ou querem nos fazer crer que a recuperação depende mais da cobrança de uns dinheiros da TVI e outros apoios externos do que de vontade política e de sensibilidade para a cultura, que não parece existir nos actuais políticos e instituições? Já é tempo de dar mais valor ao património e à cultura neste país. No caso em apreço, deveria formar-se o tal grupo de pressão, e neste aspecto as asssociações locais, inactivas até ao momento, têm especiais responsabilidades. É preciso fazer valer a Cidadania!
pedro macieira disse…
Completamente de acordo, este chalet, é só um dos vários "chalets" que existem em Sintra.

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