Postais da Vila Velha... e do Campo de Seteais
Caixa de correio no imóvel do antigo\ hospital da Misericórdia de Sintra
O Campo de Seteais
Chegou-me esta aos ouvidos:
O campo de Seteais vai, dentro em pouco,
Ser ornado de canteiros floridos.
Mas estou apreensivo, quase louco,
Com o mais que constou a tal respeito,
Que por ser caso grave, vou expôr
Nesta minha secção, muito a preceito,
...........................................................
Tendo da nossa Câmara aquiescência.
Resolve o dito Campo encerrar,
Desde a hora em que o sol entra no ocaso,
´Té que torne a romper a madrugada,
No verão; pois de inverno é outro caso:
Encerram-se os portões um tudo nada
Mais cedo, e também serão abertos
Umas duas ou três horas mais tarde
Mas todos nós podemos estar certos
-E disto se fará depois alarde-
Que o no primeiro verão que se seguir
Ao primeiro inverno, já se vê,
O empregado continua a abrir
À mesmíssima hora – Mas porquê?
Perguntam os leitores. – Que ingenuidade!
-Porque depois, em continuação
deste descuido, os portôes de grade,
estou convencido que fechar-se-ão
duas horas por dia, ou talvez mais,
P´ra que o guarda-portão possa almoçar,
E outras tantas p´ra ver, em aspirais,
Depois de muito bem se recostar.
Subir ao Céu o fumo dum charuto;
............................................................
O tal guarda por ser matuto
Ou por causa de qualquer imprevisto,
Inclusive o «não estar para isso»,
Não quer abrir o Campo de Seteais
Porque tal lhe passou pelo totiço...
E o povo fica...«aos ais».
(...)
20 de Maio de 1934
José Alfredo da Costa Azevedo, Obras VI
O Campo de Seteais
Chegou-me esta aos ouvidos:
O campo de Seteais vai, dentro em pouco,
Ser ornado de canteiros floridos.
Mas estou apreensivo, quase louco,
Com o mais que constou a tal respeito,
Que por ser caso grave, vou expôr
Nesta minha secção, muito a preceito,
...........................................................
Tendo da nossa Câmara aquiescência.
Resolve o dito Campo encerrar,
Desde a hora em que o sol entra no ocaso,
´Té que torne a romper a madrugada,
No verão; pois de inverno é outro caso:
Encerram-se os portões um tudo nada
Mais cedo, e também serão abertos
Umas duas ou três horas mais tarde
Mas todos nós podemos estar certos
-E disto se fará depois alarde-
Que o no primeiro verão que se seguir
Ao primeiro inverno, já se vê,
O empregado continua a abrir
À mesmíssima hora – Mas porquê?
Perguntam os leitores. – Que ingenuidade!
-Porque depois, em continuação
deste descuido, os portôes de grade,
estou convencido que fechar-se-ão
duas horas por dia, ou talvez mais,
P´ra que o guarda-portão possa almoçar,
E outras tantas p´ra ver, em aspirais,
Depois de muito bem se recostar.
Subir ao Céu o fumo dum charuto;
............................................................
O tal guarda por ser matuto
Ou por causa de qualquer imprevisto,
Inclusive o «não estar para isso»,
Não quer abrir o Campo de Seteais
Porque tal lhe passou pelo totiço...
E o povo fica...«aos ais».
(...)
20 de Maio de 1934
José Alfredo da Costa Azevedo, Obras VI
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