A Lenda da Pedra de Alvidrar (Almoçageme)

“Cheguei-me até à beira do rochedo que tem uma grande altura, e é quase na perpendicular.Um bando de rapazes tinha-nos acompanhado, e cinco lagatões, destacados desta malta, desceram o temeroso precipício com a mais completa indiferença, sobretudo um deles, que foi com os braços abertos, e que parecia uma criatura sobrenatural”.
William Beckford ,1787


Na sequência de um post publicado no Rio das Maçãs em Agosto de 2007, sobre a Pedra de Alvidrar, local muito visitado ao longo dos séculos,voltamos de novo a este interessante tema, agora com fotografias e também com mais alguma informação sobre este belo e perigoso local.

A Pedra de Alvidar, situada entre a Praia da Adraga e Praia da Ursa, embora de difícil acesso é o paraíso dos pescadores mais destemidos. Além ter sido usada no tempo dos romanos, como local para julgamentos de onde se atiravam os acusados, se sobrevivessem eram inocentes, se não, tinham sido mesmo os culpados...

Imagem Google Earth
Sobre a Pedra de Alvidrar, existe uma curiosa lenda que justifica a razão da sua existência:
Lenda de Alvidrar
Há muitos séculos atrás, o Deus Vulcano, figura sinistra e perversa, jurou vingar-se para todo o sempre duma formosa princesa, espelho de virtudes sem par.
O maligno Vulcano, seguindo ruíns desígnios, pretendeu casar-se com a esbelta princesa que já a outro prometera a sua mão. Pouco satisfeito com o inesperado facto, quis saber de quem se tratava. Furioso ficou quando soube que o futuro esposo da gentil princesa era o seu próprio sobrinho, filho primogénito da sua irmã. Imediatamente acorreu à casa de sua irmã Zipa e queixou-se do seu desespero. Esta fez-lhe ver que nada tinha com o próximo enlace. Jovens e obedientes aos pais de cada um, tudo neles concorria para que fossem felizes. Em consciência nada teria a opôr-se e recomendou ao irmão prudência e resignação; a casta princesa não era para a sua idade, merecia um jovem como ela.
Vulcano não acatou os conselhos prudentes e nobres da irmã.
Chegando a seus domínios, organizou fortíssima expedição que se dirigiu para as terras da princesa Al-Vidrar e de seu sobrinho Foje.
Zipa veio ao seu encontro mas nada deteve Vulcano. Naquela cruenda batalha restam os corpos vulcanizados dos moços namorados aos quais chamamos PEDRA DE ALVIDRAR E O FOJE*.
In “Lendas Sintrenses” Recolha e relato de Luiz da Cunha Oliveira, 1968

*Fojo- O Fojo, um abismo aberto na rocha de onde se pode observar no fundo a agitação das ondas.
“Correram-nos oito dias naquele deserto, ora descendo à fertilíssima várzea de Colares, ora subindo às assomadas crespas da serra ou indo ver as ondas, que batiam, refervendo, nos recôncavos do precipício da Pedra de Alvidrar; dias que ficaram para sempre impressos no espírito de Alexandre Herculano e no nosso!”
Bulhão Pato, 1883
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Nota:
Texto da lenda retirado da página da Junta de Freguesia de Colares


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