O mercado antigo da Vila Velha de Sintra
Foto do antigo mercado
Texto de 1896 publicado na Revista "Occidente", contestando o derrube do antigo mercado de Sintra
O antigo mercado de Cintra
“Quando no último verão, visitámos Cintra, vimos o mercado que a camara d’aquelle concelho mandou edificar n’uma rua que passa pelas trazeiras do palacio real, sítio escuso, em ladeira estreita e que só a falta absoluta de local mais apropriado para aquelle fim, poderá desculpar o ter-se ali construido aquelle edificio.
(...)
Não bastava a falta de gosto com que tem sido feito algumas edificações particulares, em completa desharmonia com a paizagem local e a historia dáquelles logares, era preciso que a camara désse o seu contigente para mascarar a velha Cintra com modernismos que tanto a desfiguram.
(...)
O attentado fôra completo ! A camara mandou-o arrasar, como já em tempos mascarara o pelourinho com um tanque, e assim destruiu uma das coisas mais caracteristicas de Cintra. Se o castello dos moiros deixar de estar sob a tutela real, ainda esperamos vêr demolir as suas muralhas e ameias para embelezamento da serra da serra!
(...)
O antigo mercado ou alpendre com as suas columnas e cimalha decorada nos extremos com dois escudos, em que se esculpiam uma inscripções quasi apagadas do tempo, não era certamente uma construcção coeva, porque pelo estylo, não devia ir além do seculo passado, mas tinha um caracter que não destoava do da villa e que agradava muito mais ao visitante do que a cadeia que lhe ficava em fronteira...”
Revista “Occidente” de 15 de Novembro 1896
"alpendre com as sua columnas e cimalha decorada nos extremos com dois escudos..."
Foto :Obra de José Alfredo Azevedo
*Ortografia e acentuação conforme texto original
Texto de 1896 publicado na Revista "Occidente", contestando o derrube do antigo mercado de Sintra
O antigo mercado de Cintra
“Quando no último verão, visitámos Cintra, vimos o mercado que a camara d’aquelle concelho mandou edificar n’uma rua que passa pelas trazeiras do palacio real, sítio escuso, em ladeira estreita e que só a falta absoluta de local mais apropriado para aquelle fim, poderá desculpar o ter-se ali construido aquelle edificio.
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Não bastava a falta de gosto com que tem sido feito algumas edificações particulares, em completa desharmonia com a paizagem local e a historia dáquelles logares, era preciso que a camara désse o seu contigente para mascarar a velha Cintra com modernismos que tanto a desfiguram.
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O attentado fôra completo ! A camara mandou-o arrasar, como já em tempos mascarara o pelourinho com um tanque, e assim destruiu uma das coisas mais caracteristicas de Cintra. Se o castello dos moiros deixar de estar sob a tutela real, ainda esperamos vêr demolir as suas muralhas e ameias para embelezamento da serra da serra!
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O antigo mercado ou alpendre com as suas columnas e cimalha decorada nos extremos com dois escudos, em que se esculpiam uma inscripções quasi apagadas do tempo, não era certamente uma construcção coeva, porque pelo estylo, não devia ir além do seculo passado, mas tinha um caracter que não destoava do da villa e que agradava muito mais ao visitante do que a cadeia que lhe ficava em fronteira...”
Revista “Occidente” de 15 de Novembro 1896
"alpendre com as sua columnas e cimalha decorada nos extremos com dois escudos..."
Foto :Obra de José Alfredo Azevedo
*Ortografia e acentuação conforme texto original
Comentários
Este texto de 1896, demonstra que nessa altura já havia uma visão critica sobre as "modernices" da època,e que os "patos-bravos" já tinham aterrado por estes lados. E foi pena que essas visões não tivessem prevalecido.Hoje os descendentes dos que deitaram o mercado abaixo, continuam o trabalho dos seus antecessores...
Um abraço