SINTRA

SINTRA

Ó Sintra, onde nas sombras rastejantes
Há sempre um verso antigo que flutua,
e as pedras guardam pranto dos gigantes
Titans, que foram bisavós da Lua;

Sintra, onde as juras nascem já distantes,
E o som de beijos mortos continua,
Onde a Hora, ao partir, deixa uns instantes
Para a Beleza se fazer mais nua;

Sintra das fontes e da névoa fria,
Onde Vénus deitou seu corpo um dia,
E em cuja sombra o grande Pan morreu;

Foi em ti, que a surgir sobre um desejo,
Entre uns lábios floriu aquele beijo
Que, primeiro na Terra, o homem deu!

Agosto 1935 - Nunes Claro

*Soneto, comemorativo da inauguração do monumento-lápide a D.Fernando II

Foto do Palácio de Valenças: PedroMacieira

Comentários

Anónimo disse…
"...
Sintra, onde as juras nascem já distantes,
E o som de beijos mortos continua,..."
Muito bonito!!!
e.r.
pedro macieira disse…
Sintra , realmente é uma fonte inspiradora.

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