Porque hoje é Sábado...

caferamisco
No Café Ramisco, Praia das Maçãs

Vou ao Ramisco onde hoje está de serviço um empregado de mesa belo e jovem. No Ramisco, ao sentarmo-nos, a exiguidade do espaço com as mesas é um obstáculo. Ao levantarmo-nos, o espaço tam-bém nos prende com a mesa e a cadeira. Ele, deslocando a mesa, ajuda-me, com maior facilidade, a encontrar o meu lugar próprio, e diz-me, com os olhos sorrindo: – Vai ficar presa aqui. Sinto, no meu corpo de amor, a melodia dos sinais, e a solícita protecção de uma voz que sempre ouvi. /

Há, no entanto, sem que eu dê por isso, uma mulher velha que passa, decidida, na at-mosfera verde. No real, quer dizer, ao nivel do facto imediatamente visível e quotidiano, pousa-me, com uma certa pressão de peso, a mão aberta sobre a cabeça.
– Não apanhe sol – diz ela com solícito cuidado.
– É bom nas costas, mas este sol de Outubro, na cabeça, não. Uma gripe, agora, é dificil de curar. Levanto-me, ouvindo profundamente este sinal do dia.

Maria Gabriela Llansol
[No Café Ramisco, Praia das Maçãs][Avulso, s/d, anos 80?]


Texto encontrado aqui:
http://www.selene-culturasdesintra.com/mgl-cafe-ramisco-inedito

Comentários

Fatyly disse…
Um post reconfortante, aconchegante e com aroma a café:)

Gostei muito!

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