José Niza 1938 - 2011

Homenagem a José Niza na Praia Grande

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Uma festa de amigos dos “Diamantes Negros”, este sábado na Praia Grande, permitiu que se fizesse uma singela mas significativa homenagem a José Niza, recentemente desaparecido.
Duarte Mendes, ali presente, interpretou à capela uma composição de Niza : “Com Uma Arma, Com Uma Flor”- provocando uma longa e sentida ovação dos presentes.

Com Uma Arma, Com Uma Flor

Nasci num país de silêncio e luta
E cresci rasteiro
(meu pão era curto)
Não vendi a esperança
Nem pedi meu preço
De tudo o que vi
Nunca mais me esqueço
Fui vivendo à força
De suor e fome
Vi levar amigos
Do meu mesmo nome
Nas balas da sorte
Tive a minha escola
Aprendi a vida na morte
Em angola
Numa lua cheia
Saltei a fogueira
Numa lua nova
Saltei a fronteira
Sofri um país
Calei a razão
Vendi minha pele em frança
Por pão
Calaram-me a boca
Cortaram-me o riso
Mas estava de pé
Quando foi preciso
Em abril, abril
Em abril-sem-medo
Vesti minha farda
Fardado em segredo
Em abril, abril
Em abril-sem-medo
Da raiva e na dor
Do suor sem terra
Deste dó maior
Do lucro e da guerra
Das armas em flor
Nasceram razões
Nasceram braços
Nasceram canções
Nasceram bandeiras
Da cor deste sangue
Que temos nas veias
Que temos na carne
Nasceu meu país
Meu país criança
Em abril, abril
Tempo de mudança
Meu povo, raiz,
Dum cravo de esperança.

Composição: José Niza


Comentários

pedro macieira disse…
Notas:
Em 1975 Paulo de Carvalho,regressa ao Festival RTP da Canção com os temas "Com Uma Arma, Com Uma Flor" e "Memória".

Sobre José Niza:

"É um figura incontornável da música portuguesa, à qual trouxe modernidade. Foi um grande companheiro de fados e guitarradas e um resistente à ditadura. Numa altura em que José Afonso faz em definitivo a ruptura com o nacional-cançonetismo [fins da década de 1960], José Niza representa uma solução de compromisso, compondo para Adriano Correia de Oliveira e outros dos então ‘baladeiros’ e também para os festivais da canção, renovando os cânones musicais."
Rui Pato músico
Caínhas disse…
Deixou património cultural, visível, e audível, com gosto, arte e sabedoria.
Infelizmente, o que nos bate à porta diáriamente, são músicas, com letras inqulificáveis, tipo; - Quem é o pai da criança? e outras pimbalhadas.
Quanto ao momento em apreço, foi singelo mas, solene, significativo, e sendo interpretado por quem foi, acrescento, brilhante.
O Duarte Mendes, sendo um homem de valor, é a simplicidade em pessoa, um artista, anti-vedeta!
Foi uma tarde bem passada.
Fatyly disse…
Quando soube fiquei deveras comivida porque foi de facto um grande senhor com uma obra incontestável!

Que descanse em paz e fizeram uma bonita homenagem!
Graça Sampaio disse…
Foi, de facto, uma momento muito bonito. Muito sentido.

José Niza foi um grande compositor da nossa música ligeira e um Homem Bom.

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