FÁBULA DO RIO DAS MAÇÃS

Rio das Maçãs (Foto:Pedro Macieira)

Das maçana appelido então tomei
Que no mundo me faz tão conhecido
E hum caso aconteceo que vos direi
Quando corri furioso, e atrevido:
Porque tam longe as ondas penetrei
Neptuno se mostrou mais offendido,
Queixando-se que entrei mais Soberano
Que no seu Oceano outro Oceano.

E porque em popa vinha a Armada
A tomar em mim porto desejado
Mutiplicou penedos mil na entrada
Como tão poderoso apaixonado:
A maritima gente experimentada
Do mar quebrando em flor vento alterado
Arrendo as escotas de estibordo
Mandou virar da parte de bombordo

Neptuno por quem fazia mil estremos
Em mil negocios seus no tempo antigo
Dos quaes ambos depois nos esquecemos
Isto me faz então como inimigo:
E fez mais inda o damno que sabemos
Por estar encontrado assi comigo.
E porque sou a causa que me magoa
Que vos entope a barra de Lisboa

Mas que dirá o Tejo celebrado
A quem tanto poema lisongea
Foi nisto com Neptuno conjurado
Que um acarreta pedra, outro area:
Por inveja de eu ser tam estimado,
Traidor se mostra fero, e deshumano
Pella parte que tem Castelhano.


D.Francisco de Mello e Castro, Fábula do Rio das Maçãs ,sécXVII

Comentários

pedro macieira disse…
Fernando Morais Gomes, colocou nestes dias um interessante post no Alagablogue com o titulo “Um viking no Rio das Maçãs”, que reportava a chegada de um barco Viking, ao rio das Maçãs, em 1147, esse rei Viking, subjugou Colares e arredores, chamava-se Sigurd I e era filho de rei Magnus III da Noruega. Além disso segundo outros autores não se ficou por Colares chegou a Sintra ;” e num fugaz assalto ao castelo massacrou todos os aqueles que se recusaram a seguir a Fé,baptizando-se”.

http://blogue.alagamares.net/index.php?mode=viewid&post_id=199#comment
Nem mesmo o Walt Dyney..........

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