Os caminhos proibidos do Parque da Pena e Cidadania

Em 2006 um grupo de pessoas preocupadas com o estado em que se encontrava o Chalet da Condessa d’ Edla , desencadeou um conjunto de acções de forma a sensibilizar os "Parques de Sintra Monte da Lua", para a importância do seu restauro. Após ser atribuído um financiamento através de um fundo de um organismo da EFTA, nos finais de 2007, é possível agora recomeçar as obras de restauro do Chalet.

No dia 2 de Março último, em visita organizada pelo Comissão Cívica pelo Restauro do Chalet da Condessa d´Edla ,cerca de meia centena de participantes, incluindo descendentes da Condessa d’Edla, e a poetisa e artista plástica sintrense, Maria Almira Medina visitaram no Parque da Pena, o Chalet da Condessa - uma intervenção de sensibilização pela recuperação daquele ex-libris do Romantismo, construído no séc XIX, sob orientação de Elise Hensler, Condessa d’Edla e de D.Fernando II. Em 1999 um incêndio no Chalet destrui-o parcialmente, o que restou do chalet ficou em total abandono e degradação nos últimos 9 anos.
Mas como escreveu Fernando Morais Gomes, no Alagablogue «Algumas mentes podem ver nestas iniciativas a acção de grupos de pressão quiçá politicamente engajados. Para esses apenas uma resposta:a cidadania não é uma outorga,é um Direito.Como se lia nas paredes deste país a seguir ao 25 de Abril, só o medo de ser livre provoca o orgulho de ser escravo. A sociedade não se manifesta só dentro dos partidos e das corporações,e por muito anémica e desmoralizada que possa estar encontra sempre forças para que haja um pouco mais de azul...»
E mentes deste tipo existem de facto nos PSML. Na véspera da visita comunicaram-nos que «que por razões de segurança e regras gerais não é possível entrar no estaleiro, nem a zona do Parque em que se localiza o Chalet é visitável.» E realmente no dia da visita lá estavam as novas e reluzentes correntes, "impedindo" o acesso ao Chalet, e como descreve Rui Vasco Silva, no blogue Serra de Sintra - «os participantes do passeio desta manhã ao Parque da Pena (promovido pela meritória Associação Alagamares) não se deixaram intimidar, e aproveitaram uma esplendorosa manhã de Inverno para percorrer alguns dos mais belos espaços do Parque.» e adiantava que «É certo que as principais estradas de acesso ao Chalet foram estrategicamente cortadas (ainda na semana passada não havia constrangimentos à circulação na Pena... algo se deve ter passado entretanto!), mas quem conhece o Parque sabe que há 1001 caminhos para chegar ao Chalet, e foi com naturalidade, sentido de responsabilidade e total civismo que os participantes avançaram até à antiga casa da Condessa.»
A PSML, em vez de considerar a intervenção deste grupo cívico, como uma mais valia na sensibilização e divulgação do magnifico património existente no Parque da Pena, aproveitando o seu envolvimento em acções histórico/culturais durante o processo de restauro do Chalet - prefere através de medidas algo intimidatórias afastar, as pessoas que mais conhecem , e mais interesse demonstraram no seu restauro, com justificações sem sentido, e com preocupações de segurança, com que nunca se preocuparam desde que o Chalet foi destruido em 1999.

Termino recorrendo mais uma vez ao excelente texto de Fernando Morais Gomes lembrando a «Declaração de Aranjuez,subscrita por Sintra, onde se apela á participação construtiva e estimulante da sociedade civil na defesa,promoção e protecção do património(material e imaterial).» E concluindo que «O Chalé da Condessa pode vir a ser um case study da relação dos munícipes com o seu património, e do quanto se está vivo e desperto para causas do Nós que se levadas a bom termo, valorizaram o Eu de cada um, assim tornado mais cidadão e fruidor pleno do legado dos seus antepassados.»





Comentários

Zé-Viajante disse…
Vou ficando cada vez mais desiludido com a gente que (des)governa Sintra.
Já não há paciência.
Se tivesse vinte anos voltava ao Alentejo.
Agora a luta é só para resistentes...
pedro macieira disse…
Viajante,
A falta de bom senso nas mentes de alguns pequenos poderes, que detém temporáriamente a gestão da coisa pública,criam problemas aos que não esperando lucrar nada para si próprios, sómente pretendem melhorar com a sua participação cívica aquilo que é de todos.
Um abraço

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