A Papelaria "A Camélia" na Vila Velha (II)
Um leitor do blogue, que se identifica como "Gato Preto", amigo e conterrâneo de José Alfredo da Costa Azevedo, comentou o post anterior sobre "A Papelaria A Camélia na Vila Velha". O texto do comentário é um verdadeiro retrato de uma época, rico em pormenores de um tempo, que só alguém que o viveu podia descrever assim. Pela importância do seu conteúdo, para um melhor conhecimento de Sintra é hoje o nosso post.
A Camélia nos dias de hoje, já não a papelaria que é descrita no texto, mas uma loja de "souvenirs" e artesanato
A CAMÉLIA, nos seus tempos áureos, anos 50 até finais dos anos 60, era uma empresa, familiar como está descrito, pelo meu saudoso amigo e, conterrâneo José Alfredo Azevedo.
A CAMÉLIA sempre foi muito dinâmica, o Sr. Júlio Pinto Tavares, que conheci muito bem, pessoa séria, empreendedora, deu trabalho a muita gente, porque não se dedicava só à livraria e papelaria. Tinha a representação do Gás CIDLA, e da SACOR hoje GALP.
Como antigamente não havia iluminação eléctrica, nas aldeias e na maioria das povoações do concelho, então se consumia muito petróleo, daí o Sr. Tavares representante da SACOR, com um posto de abastecimento junto à Misericórdia (mais tarde propriedade do António Loureiro, e hoje desactivado), fazia distribuição do petróleo pelas mais diversas e recônditas mercearias e carvoarias do concelho com camiões cisterna preparados para o efeito. Ainda me lembro de possuir também uma loja de electrodomésticos, rudimentar no Beco da Judiaria, onde hoje está um Minimercado e, este estabelecimento teve uma razão para ser ali é que ainda havia a Pastelaria Camélia também de sua propriedade, hoje dos herdeiros do Sr. Cipriano Pacheco da Cruz, (está transformada em loja de Vinhos) e, a pastelaria tinha ligação interior com a casa do Beco, mais tarde já quando o Sr. Cipriano ficou com a Pastelaria montou ali também um Café e tasca.
A CAMÉLIA sempre teve e como escreve o Sr. José Alfredo ligação interior entre as duas lojas, na loja de baixo com o aparecimento do gás, vieram os fogões, então mais uma oportunidade de negócio que não foi negligenciada, aquele espaço foi durante algum tempo loja de fogões e outros electrodomésticos. O primeiro e único fogão que os meus pais tiveram foi um ODACLA cinzento 2 bicos e forno (tinha um coelho a roer uma cenoura no logótipo), durou mais de 35 anos e há pouco tempo ainda funcionava nas mãos de quem ficou com ele, dado por morte de minha mãe.
Dizer que foi ali que todos os meus amigos que, como eu nasceram na Vila Velha, comprámos os nossos livros escolares, lápis, canetas, borrachas, todo o tipo de cadernos. Lembrar-me que quando deixei de acreditar no Pai Natal, (3ª classe 7 anos - 1954), pedi ao meu pai para me comprar uma caneta de tinta permanente "ZAV PEN" azul, que custou salvo erro 25 Escudos, uma exorbitância já que na escola ou se usavam canetas de pau de molhar o aparo no tinteiro da carteira escolar, ou já umas de tinta permanente, baratas, que custavam 7$5O. O advento das esferográficas veio mais tarde.
Gato Preto
"O Sr. Tavares representante da Sacor, com um posto de abastecimento junto à Misericórdia(mais tarde propriedade do António Loureiro, e hoje desactivado)"
Posts relacionados:
-A Papelaria "A Camélia" na Vila Velha-aqui
-O caso da bomba de gasolina junto ao hospital da Misericórdia de Sintra-aqui
*foto do Hospital da Misericórdia de Sintra, encontrada nas Obras de José Alfredo Azevedo- V
A Camélia nos dias de hoje, já não a papelaria que é descrita no texto, mas uma loja de "souvenirs" e artesanato
A CAMÉLIA, nos seus tempos áureos, anos 50 até finais dos anos 60, era uma empresa, familiar como está descrito, pelo meu saudoso amigo e, conterrâneo José Alfredo Azevedo.
A CAMÉLIA sempre foi muito dinâmica, o Sr. Júlio Pinto Tavares, que conheci muito bem, pessoa séria, empreendedora, deu trabalho a muita gente, porque não se dedicava só à livraria e papelaria. Tinha a representação do Gás CIDLA, e da SACOR hoje GALP.
Como antigamente não havia iluminação eléctrica, nas aldeias e na maioria das povoações do concelho, então se consumia muito petróleo, daí o Sr. Tavares representante da SACOR, com um posto de abastecimento junto à Misericórdia (mais tarde propriedade do António Loureiro, e hoje desactivado), fazia distribuição do petróleo pelas mais diversas e recônditas mercearias e carvoarias do concelho com camiões cisterna preparados para o efeito. Ainda me lembro de possuir também uma loja de electrodomésticos, rudimentar no Beco da Judiaria, onde hoje está um Minimercado e, este estabelecimento teve uma razão para ser ali é que ainda havia a Pastelaria Camélia também de sua propriedade, hoje dos herdeiros do Sr. Cipriano Pacheco da Cruz, (está transformada em loja de Vinhos) e, a pastelaria tinha ligação interior com a casa do Beco, mais tarde já quando o Sr. Cipriano ficou com a Pastelaria montou ali também um Café e tasca.
A CAMÉLIA sempre teve e como escreve o Sr. José Alfredo ligação interior entre as duas lojas, na loja de baixo com o aparecimento do gás, vieram os fogões, então mais uma oportunidade de negócio que não foi negligenciada, aquele espaço foi durante algum tempo loja de fogões e outros electrodomésticos. O primeiro e único fogão que os meus pais tiveram foi um ODACLA cinzento 2 bicos e forno (tinha um coelho a roer uma cenoura no logótipo), durou mais de 35 anos e há pouco tempo ainda funcionava nas mãos de quem ficou com ele, dado por morte de minha mãe.
Dizer que foi ali que todos os meus amigos que, como eu nasceram na Vila Velha, comprámos os nossos livros escolares, lápis, canetas, borrachas, todo o tipo de cadernos. Lembrar-me que quando deixei de acreditar no Pai Natal, (3ª classe 7 anos - 1954), pedi ao meu pai para me comprar uma caneta de tinta permanente "ZAV PEN" azul, que custou salvo erro 25 Escudos, uma exorbitância já que na escola ou se usavam canetas de pau de molhar o aparo no tinteiro da carteira escolar, ou já umas de tinta permanente, baratas, que custavam 7$5O. O advento das esferográficas veio mais tarde.
Gato Preto
"O Sr. Tavares representante da Sacor, com um posto de abastecimento junto à Misericórdia(mais tarde propriedade do António Loureiro, e hoje desactivado)"
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-O caso da bomba de gasolina junto ao hospital da Misericórdia de Sintra-aqui
*foto do Hospital da Misericórdia de Sintra, encontrada nas Obras de José Alfredo Azevedo- V
Comentários
Um postal magnífico de uma "zona" que me acolheu e por gostar tanto tiro o meu chapeú à colaboração do "Gato Preto":)
Fui várias vezes ao hospital com as minhas filhas, mas não me lembro, na volta já desactiva, da bomba da gasolina.
Adorei uma vez mais vir até aqui!
sintrense
Proposta que fizemos quando deixou este excelente retrato da Vila Velha sob a forma de comentário.
Abraços
Vou tentar, não estragar este espaço que reputo de excelência, no que aos interesses Sintrenses diz respeito.
Garanto que o meu amigo Gato Preto que nasceu e morou na Vila anos e anos vai contar-nos/vos histórias lindas da Sintra daquele tempo!
A Camélia, de que José Alfredo Azevedo falava com saudade, é uma referência para todos que viveram na Vila velha - isso está bem patente nos comentários que foram feitos aqui no blogue.
Agora que o Gato Preto aceitou partilhar as sua memórias sintrenses neste espaço, será que a Carol não terá também histórias para aqui partilhar sobre o tempo em que na Vila Velha a Camélia vendia lápis, canetas,os livros da instrução primária e as Pupilas do Sr.Reitor?
Um abraço
Espero que aconteça...
Um abraço
Falar tanto na Camélia, (ocupou dois "post's"), tantos comentários, eu comentei na primeira pessoa, e, não falar dos empregados que eu lá conheci, é uma falha!
Portanto aqui vai uma lista de pessoas que lá conheci.
Na papelaria destacava-se o Sr, Justino Parracho, como empregado fora da família, havia também uma senhora cujo nome não me recordo, as duas filhas do sr.Júlio Tavares também lá trabalhavam, a mais nova ao balcão a mais velha na contabilidade, (na secção de contabilidade atrás do balcão) trabalhou o Artur, o Domingos, trabalhava na bomba de combustível, (era um colarense de gema), o António Loureiro, e, outros que me estão a falhar. Quando acabou a representação CIDLA, e com o nascimento da GALP, alguns destes empregados foram admitidos em Lisboa na Sede.
Na distribuição do petróleo, trabalhou o Sr. José Antunes, que mais tarde veio a estabelecer-se por conta própria, primeiro com um lugar de frutas e hortaliça na Rua da Biquinha, e mais tarde tomou a mercearia do Sr. José Soares, na Rua Consiglieri Pedroso. Outro motorista dos camiões cisterna era conhecido como Carlos da Marcolina.
Um dos motoristas que andava na distribuição do Gás Cidla, era o Zé Eduardo, que foi mecânico do HOCKEY CLUB DE SINTRA até ao fim da década de 60.
Não me lembro de mais ninguém, e peço desculpa por estar a aborrecer os leitores, mas assim, acho que fico melhor com a minha consciência.
Um abraço
Muito interessante o seu comentário sobre a origem da venda de artesanato na Vila velha.
Cumprimentos