Quinta Mazziotti em Colares

No Alto de Colares, a marcar o extremo limite sul da povoação que corresponde à sua cota mais elevada, existe um palacete tardo-setecentista de inspiração italiana. A estrutura do edifício apresenta um tratamento plástico notável pela sua sobriedade. Revela, porém, à semelhança de outros palácios e solares estremenhos. A notícia mais antiga a respeito desta propriedade remonta a 1588, quando foi outorgada ao fidalgo espanhol António Roiz de Arouche, tendo o seu neto vendido a quinta a Bento Dias Pereira Chaves, sargento-mor de Colares, em 1757. Pereira Chaves construiu o actual palacete e, em 1778, instituiu o morgadio que foi herdado por seu filho, José Dias, que lhe introduziu alguns melhoramentos.
A Quinta de José Dias goza de uma localização privilegiada e os seus jardins de buxo ordenam-se por plataformas atravessadas por um inovador eixo vertical. Este, longitudinal, nasce no topo da colina, já próximo da aldeia do Penedo, num curioso mirante octogonal.

Perto da quinta, ultrapassa a estrada por belveder com cobertura mardeliana e imponente escadaria que vence o desnível e recorda, pelos efeitos cenográficos, as villas de Frascati ou Tivoli.
E, abaixo, surge outro beldever, mas menos elaborado que o primeiro.
A originalidade deste traçado é completada pela utilização das águas, ainda que esquemas similares tenham sido bastamente explorados no século XVII, e que, em 1787, Beckford, acompanhado pelo marquês de Marialva, visitou tendo escrito no seu Diário: «Nesta villa brota uma grandiosa cascata artificial, com tritões e golfinhos a vomitar torrentes de água; mas não cheguei a prestar a metade da atenção que o seu proprietário pretendia e, retirando-me sob a sombra das árvores de fruto, festejei com as maçãs doiradas e as ameixas roxas que rolavam à minha volta em profusão».

Mais tarde, nos inícios do século XIX, esta família uniu-se aos Mazziotti, de origem napolitana, de onde deriva a actual designação. Ali viveu o Dr. Carlos França, médico e cientista de nomeada, como o atesta a lápide fixada na frontaria:

NESTA CASA VIVEU E TRABALHOU
PARA GLORIA DA SUA PATRIA
E HONRA DA VILA DE COLARES
DR. CARLOS FRANÇA
1877 1926

Texto da C.M.S. - Divisão de Património Histórico-Cultural-encontrado aqui

Comentários

Ana Mota Peixoto disse…
Eu vivi nessa quinta depois da morte de meu sogro, António Mazziotti França. Era um Homem que eu muito admirava e amava. Sempre adorei Sintra, e Colares tem um encanto muito especial. Uma parte do meu coração ficou aí. Nunca pensei que depois do meu divórcio o meu ex-marido retalhasse todas as quintas, sem ter em conta tudo o que elas tinham representado para a sua família. Ainda hoje me sinto triste e "culpada?", ele era demasiado inconsequente. Ainda se precisasse...
Ana Mota Peixoto (ex-Mazziotti França)
pedro macieira disse…
Cara Ana Mota Peixoto,
Agradeço a sua visita e o seu importante comentário.
Um abraço

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