Sintra na poesia de Álvaro de Campos
Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra.
Ao luar e o sonho, na estrada deserta.
Sozinho guio quase devagar, e um pouco
Me parece, ou me forço um pouco para que me pareça.
Que sigo por outra estrada, por outro sonho, por outro mundo,
Que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra a que ir ter,
Que sigo, e que mais haverá em seguir senão não parar mas seguir?
Vou passar a noite a Sintra por não poder passá-la em Lisboa.
Mas, quando chegar a Sintra, terei pena de não ter ficado em Lisboa.
Sempre esta inquietação sem propósito, sem nexo, sem consequência,
Sempre, sempre, sempre,
Esta angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma,
Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida...
* Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa em Poesias (Homenagem a Latino Coelho
Quadro de Fernando Pessoa ,pintado por Almada Negreiros-Foto de Armando Serôdio do Arq.Fot.CML
Ao luar e o sonho, na estrada deserta.
Sozinho guio quase devagar, e um pouco
Me parece, ou me forço um pouco para que me pareça.
Que sigo por outra estrada, por outro sonho, por outro mundo,
Que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra a que ir ter,
Que sigo, e que mais haverá em seguir senão não parar mas seguir?
Vou passar a noite a Sintra por não poder passá-la em Lisboa.
Mas, quando chegar a Sintra, terei pena de não ter ficado em Lisboa.
Sempre esta inquietação sem propósito, sem nexo, sem consequência,
Sempre, sempre, sempre,
Esta angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma,
Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida...
* Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa em Poesias (Homenagem a Latino Coelho
Quadro de Fernando Pessoa ,pintado por Almada Negreiros-Foto de Armando Serôdio do Arq.Fot.CML
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