O Cisne de Oliva Guerra
Foto do Cisne branco do Parque da Pena
O CISNE
"(...)Mas o que para mim resumia a mais prodigiosa maravilha era o grande lago orlado de cactos vermelhos e chorões pendentes onde navegava silencioso e rítmico, o corpo nevado de um cisne aristocrático.
O cisne!...Nunca pela vida fora me esqueceu a impressão de magia que para mim irradiava dos movimentos lentos daquela plumagem húmida, das atitutes solenes daquela ave, misteriosa como uma esfinge, elegante como uma estilização heráldica. E atraz dele, iam-se-me os olhos, numa fascinação irreflectida e ficava-me a fitá-lo largo tempo, numa absorpção melancólica, numa estagnada passividade, enquanto a superfície lisa do lago tentador reflectia o laço azul da minha cabeça morena, debruçada sobre a margem orlada de cactos vermelhos e chorões pendentes.(...)"
Oliva Guerra
(do seu livro«Poeira da Vida»)
Almanaque Bertrand de 1938
Comentários
Assim sendo eram quase vizinhas.
É ainda do teu tempo.
Lembro-me dela, e tenho quase a certeza do que estou a escrever, certeza absoluta já não tenho.