Gaivotas da Praia da Adraga
Sempre me fascinaram as gaivotas. Não tanto pelo seu andar que por vezes apresenta ar meio desengonçado. Antes pelas suas cores, pela sua forma. Sobretudo pelo seu sábio planar assombroso com que, de forma hábil, aproveitam a brisa e os ventos para - quase sem esforço quase sem mexerem asas - subirem em altura até serem quase pontos no infinito, e com elas nos elevarem os olhos no azul denso.
Ver-vos voar no voo planado e lento de quem segura o vento e o leva em suas asas. O equilibrio instável da vida na hora da decisão e do futuro. O corpo quedo e parado, goza o sabor do vento. Apenas de vez em vez leve torção do pescoço ou o flectir ligeiro das asas largas. Tudo fácil, exacto, metódico; tudo executado no instante certo e preciso.
E a olhar-vos me fiquei e fui nas asas que não tenho, mas me oferecestes na imaginação que toma, e leva. E o corpo, em ascese, levita nas asas que me dais e me transportam ao azul de outro Sul.
*Do prefácio de"Gaivotas" de José Ribeiro Ferreira
Fotos de Gaivotas na Praia da Adraga em 09-06-2011
Comentários
Quando as vejo a sobrevoarem e voltas e aos montes...fujo:):):)
Não só a lingua é comum, mas também esta espécie das gaivotas...
Um abraço
O texto é exactamente o que penso das gaivotas. São os meus modelos favoritos para fotografar desde sempre.
Um abraço