Porque hoje é Sábado...

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ELEGIA PARA UMA GAIVOTA

Morreu no mar a gaivota mais esbelta,
a que morava mais alto e trespassava
de claridade as nuvens mais escuras com os olhos.

Flutuam quietas, sobre as águas, suas asas.
Água salgada, benta de tantas mortes angustiosas, aspergiu-a.
E três pás de ar pesado para sempre as viagens lhe vedaram.

Eis que deixou de ser sonho apenas sonhado.
É finalmente sonho puro,
sonho que sonha finalmente, asa que dorme voos.

Cantos de pescadores, embalai-a!
Versos dos poetas, embalai-a!
Brisas, peixes, marés, rumor das velas, embalai-a!

Há na manhã um gosto vago e doce de elegia,
tão misteriosamente, tão insistentemente,
sua presença morta em tudo anuncia.

Ela vai, sereninha e muito branca.
E a sua morte simples e suavíssima
é a ordem-do-dia na praia e no mar alto.

Sebastião da Gama
(Vila  Nogueira de Azeitão, 1924-1952)



Comentários

Erica Macieira disse…
A tua melhor fotografia de uma gaivota! bjss
Anónimo disse…
Fatyly
Foto e poema lindíssimos como sempre!
Beijos e bom domingo
pedro macieira disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
pedro macieira disse…
Fatyly,
Agradeço e retribuo os votos de bom domingo.
Problemas com o gerenciador de comentários, fez que tivesse que repor o simpático comentário.
Abraço

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