Roteiro Queiroseano de Sintra

De um texto da Câmara Municipal de Sintra:

ROTEIRO QUEIROSIANO

O "Roteiro Queirosiano" é um serviço prestado às mais diversas entidades que venham a Sintra em demanda da ambiência oitocentista desta vila cortesã, atmosfera essa que o grande prosador Eça de Queirós utilizou como palco de partes de acção de Alves e Companhia, A Correspondência de Fradique Mendes e, sobretudo, de O Primo Basílio, A Tragédia da Rua das Flores e Os Maias.É sobre a última obra citada que o Roteiro, particularmente, incide, proporcionando ao visitante um passeio no Centro Histórico da Vila Velha (antigo Passeio Público), tendo como destino final Seteais, num caminhar tipicamente romântico, temperado por uma arquitectura natural e humana ímpares.
Cascata dos Pisões (Foto:PedroMacieira)
Carlos da Maia conduz-nos na busca do seu amor impossível - a Maria Eduarda do " passo de Deusa maravilhosamente bem feito (...) dos cabelos doirados (...) dos olhos escuros e profundos". O Maestro Cruges, por seu turno, desperta-nos o interesse pela Sintra das queijadas e da manteiga fresca, dos passeios clássicos à Pena, à Fonte dos Amores, à Várzea de Colares, para nela barquejar.Pelo caminho, o recordar da Vila Velha, com o seu mercado e três dos seus hotéis: «O Nunes» "das pandegas fáceis", o «Vitor» funcionando também como uma espécie de Casino, e o «Lawrence», o mais antigo da Península Ibérica e o mais requintado de Sintra.

O antigo Hotel Nunes (colecção Valdemar Alves)
Por fim, a Estrada de Colares, com a água da Cascata dos Pisões, o musgo dos muros que a ladeiam, e os palácios e jardins das belas quintas; o encontro com Alencar, o poeta ultra-romântico, a lembrar os "mil ais" soltados no Penedo da Saudade, envolto nas suas lendas de moiras e cruzados, e escondido pelo Palácio de Seteais. E é na rampa, para lá do arco que une os dois corpos do Palácio, que podemos observar um belo quadro retratado por Eça, numa das mais belas passagens da sua obra:"No vão do arco, como dentro de uma pesada moldura de pedra, brilhava, à luz rica da tarde, um quadro maravilhoso, de uma composição quase fantástica, como a ilustração de uma bela lenda de cavalaria e de amor, Era no primeiro plano o terreno, deserto e verdejante, todo salpicado de botões amarelos; ao fundo, o renque cerrado de antigas árvores, com hera nos troncos, fazendo ao longo da grade uma muralha de folhagem reluzente; e, emergindo abruptamente dessa copada linha de bosque assoalhado, subia no pleno resplendor do dia, destacando vigorosamente num relevo nítido sobre o fundo do céu azul-claro, o cume airoso da serra, toda a cor de violeta-escura, coroada pelo Palácio da Pena, romântico e solitário no alto, com o seu parque sombrio aos pés, a torre esbelta perdida no ar, e as cúpulas brilhando ao sol como se fossem feitas de ouro (...)".


Foto:PedroMacieira


Hotel Victor (Foto PedroMacieira)




Comentários

Zé-Viajante disse…
Hotel Nunes transformado no " lindo " Tivoli.
Hotel Victor degradado, com algumas salas com pinturas de espantar. Até quando resistirão?
E mais, mais numa Sintra a perder-se dia a dia.
pedro macieira disse…
É a Sintra do nosso descontentamento...
Um abraço

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