Feira das Mercês

Feira das Mercês a partir de 16 de Outubro até 1 de Novembro de 2010

Memórias da Feira das Mercês
Feira das Merces 44
"É a mais importante feira do districto de Lisboa e embora os mercados de gados e de varios productos não tenham na região da Estremadura nem pitturesco nem o valor da feiras minhotas e alentejanas, esta impõe-se pela variedade de typos e arrabaldinos que ali concorrem. Veêm-se carros de todos os feitios, vehiculos quasi prehistoricos arrastados por alimarias de todas as idades, homens que discutem, mulheres de typos vistosos que se apeiam no local da feira, ranchadas que se mettem nos campos devorando as merendas.

Á mistura um ou outro lisboeta curioso do pitoresco e d'um pouco de bom ar, que ri vê as transacções, que contempla aquellas fileiras de vendedores de fructas e de leitões assados e se retira á noite, na boa paz , n'um comboio rapído que silva e o deixa no Rocio."

Foto e texto na "Illustração Portugueza" de 24 de Outubro de 1904
* Grafia e acentuação conforme original

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O Muro do Derrete
"A nota mais tipica daquela feira é o celebre «Muro do Derrête».
Proximo da capelinha, há um muro baixo, junto do qual se vêem, uns sentados outro de pé, os saloios e as saloias que se namoram «derretendo-se» à vista de toda a gente...
É deveras interessante ver aqueles idílios amorosos, aquele arrulhar de pombinhos inocentes...saloiamente falando.
Eles e elas , envergando os seus fatos domingueiros, mostram-nos os mais curiosos tipos da região saloia.
(...)
É vê-los todos «derretidos» no «Muro derrête» sorrindo-se e apertando-se as mãos...
E os saloios olham de soslaio, desconfiados de que lhes cobissem os «derriços»...
E ai daquele que se «astreva» a dizer uma graça a uma cachopa, porque o menos que lhe pode acontecer é «derreterem-lhe» as costelas com um cajado...
O «Muro do derrête» da Feira das Mercês, é a verdadeira ala dos namorados...saloios."
Texto e foto, publicado na revista "Ilustração" nº7 de 1 de Abril de 1933 da autoria de Lima Pereira.
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Também o "Muro do Derrete" estava representado no desfile ocorrido em 2005, em honra da N.ª Sr.ª do Cabo Espichel em Sintra. (Foto de Carlos Santos -Caínhas)

Comentários

Fatyly disse…
Gostei de ler o que era realmente essa feira...hoje uma sombra do que foi.

Fui lá uma ou duas vezes, mas há anos e anos que não vou, porque além dos inúmeros assaltos...é um desnorte completo de barulho, carros e enfim...
Caínhas disse…
Sempre foi uma feira de muita confusão!
Carteiristas que vinham aproveitar a afluência, zaragatas, porque havia sempre à venda uma zurrapa que os vendedores chamavam de água-pé nova, mas não passava de vinho velho misturado com água, haviam as tasquinhas com carne de porco, depois bebia-se bem e quem era zaragateiro acabava sempre por arranjar parceiro.
No entanto tinha tradição. Haviam produtos que eram típicos da feira das Mercês, tais como;- as pêras pardas cozidas, lá estava sempre o célebre Vítor e o seu Poço da Morte, lá estavam pela rampa acima as bancas de vermelhinha, para enganar os trouxas, a frigideiradas de carne de porco frita à moda das Mercês, e lá estava também a agua-pé (mal cozida), ou vinho com água.

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