Tempo das Vindimas em Colares (II)

A chegada da uva Malvasia à Adega Regional de Colares

Photobucket
Foto de outros tempos da chegada da uva de Colares à Adega Regional-(foto não datada)

Colares é região demarcada desde 1908, mas a origem dos seus vinhos remonta a 1255, quando D. Afonso III fez a doação do Reguengo de Colares, obrigando a plantar aí videiras vindas de França.
As características únicas dos vinhos de Colares devem-se à combinação de castas, solo e clima temperado e húmido no Verão, mas principalmente ao facto da vinha ser instalada em "chão de areia". Situadas próximo do mar as vinhas estão sujeitas a ventos marítimos muito fortes, pelo que tradicionalmente são protegidas por paliçadas de canas. As castas são plantadas directamente na areia, sem recurso a porta-enxertos. Os seus solos arenosos conseguiram manter afastada a filoxera, epidemia que assolou a Europa quase todo o território português, por isso as vinhas de Colares da casta Ramisco, não enxertadas, estão entre as mais antigas.
Castas
· Principais castas tintas:Ramisco, com representação mínima de 80%.
· Principais castas brancas: Malvasia, com representação mínima de 80%

http://pt.wikipedia.org/wiki/Colares_DOC

A uva de chão de areia da produção 2010, chega à Adega Regional de Colares
Photobucket
Pesagem do reboque com uva Malvasia na báscula da Adega Regional de Colares em 30/09/2010

Malvasia é uma casta de uva branca de origem grega usada na fabricação de vários vinhos.
A casta está dispersa por toda a zona do Mar Mediterrâneo. É uma uva para vinhos licorosos de sabor intenso doce e graduado, e é particularmente encontrada no Piemonte, Piacentino, Parmense, Sicília, Puglia (em particular no Salento) e Sardenha (malvasia di Bosa). A coloração pode ser amarelada em vários tipos de espumantes, sendo a mais comum a Malvasia Negra. A graduação alcoólica vai da 12° a 14°.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Malvasia
Photobucket
Um produtor chega à Adega Regional, com a sua uva Malvasia em 30/09/2010

Vinhedo e Vinhos
Excerto de carta enviada por Rodrigo de Boaventura Martins Pereira,”Lente cathedrático da Escola Médico-Cirurgica de Lisboa” ao seu amigo Visconde de Chancelleiros em 16 de Julho de 1881:

(...) Se dissermos aos nossos vinhateiros que depurem bem os seus vinhos para que elles se não estraguem, respondem-nos, enchendo os bofes com todo o arreganho da sua presumpção, que a borra –a “mãe”-não faz mal ao “filho” – o vinho.
Se lhes dissermos que os vinhos limpos excusam de aguardentação para conservar-se, - replicam emphaticamente que o vinho de imbarque, sem aguardente se estraga ao passar da linha. E é tempo perdido lembrar-lhes o vinho de Collares e o Bordéus.”

( Texto retirado de “Vinhedos e vinhos” – autor: Rodrigo de Boaventura Martins Pereira, publicado em Bibliotheca do Povo e das Escolas nº117, em 1885)

Photobucket
Vinhos provenientes de solos arenosos, cuja base são as mais famosas castas de Colares: Ramisco e Malvasia. O branco apresenta notas tropicais, já o tinto tem um aroma a frutos secos.
Photobucket

Photobucket

"(...)As vindimas roubam ao Outono as uvas onde o Verão está escondido e levam-nas para lugares cobertos, onde o Verão será liquefeito e prolongado, melhorando, bem protegido, enquanto as tempestades ou as brisas ou seja lá o tempo que for batem lá fora.
Gosto muito de ver chegar as uvas Malvasia e Ramisco à Adega Regional de Colares. É como assistir ao salvamento do Verão. Todas as frutas do calor já foram comidas. Agora vêm as que são para beber e ficam como o nome de 2010.(...)"

Miguel Esteves Cardoso . jornal Público de 20 de Setembro de 2010

*Fotos da chegada da uva Malvasia, à Adega Regional de Colares em 30/09/2010

Continua

Comentários

Fatyly disse…
Como antigamente era tudo tão díficil, pobre burrinhos:) Gostei imenso da reportagem.
Unknown disse…
Isto é Portugal, assim se vê o lado de quem produz, aqueles que ainda acreditam que este país com história riquissima, de aventureiros, mas acertivos descobridores, ainda tem elevado potencial e pode ter salvação.
Tenho muita pena que o legislador e os políticos na generalidade, tenham tão pouca sensibilidade para um dos sectores mais importantes do nosso país e que tem sido tão mal tratado.
pedro macieira disse…
Obrigado pelo comentários,
Abraços

Mensagens populares deste blogue

Intervenção das Infraestruturas de Portugal no Parque Natural Sintra Cascais

Festas de S.Mamede de Janas 2023