Sintra e as Alterações Climáticas
Decorreu a semana passada em Sintra, o XI Congresso Mundial da Organização das Cidades Património Mundial, sob o tema das alterações climáticas nos locais classificados pela UNESCO como património mundial.
A propósito, das alterações climáticas e da sua incidência sobretudo nas áreas costeiras e montanhosas,pondo em risco as zonas classificadas pela UNESCO - transcrevemos um excerto de uma notícia do jornal "Sol":
"Segundo o professor de Física e Ciências do Ambiente da Universidade de Lisboa Filipe Duarte Santos, coordenador do projecto SIAM - Scenarios, Impacts and Adaptation Measures (Cenários, impactos e medidas de adaptação), as áreas mais susceptíveis em Portugal são Sintra e o Alto Douro Vinhateiro, que correm maiores riscos de incêndios devido ao aumento da temperatura e das secas, e o centro histórico de Évora, por se tratar de uma zona que tem problemas de abastecimento de água.
(...)
«Um dos mais graves impactos é ao nível da subida do nível médio do mar, sobretudo nas cidades património mundial costeiras, como é o caso de Veneza, Amesterdão e Alexandria. Também nas zonas montanhosas o clima está a mudar, a temperatura a aumentar, e isso tem influência ao nível do risco crescente de incêndios florestais, pondo em risco zonas como Sintra», disse o especialista à agência Lusa.
Segundo o professor, este encontro mundial em Sintra é importante para estabelecer contactos para troca de experiências e boas práticas para que as zonas classificadas possam desenvolver estratégias para mitigar os impactos.(...)"
Texto integral da notícia : "Alterações climáticas colocam em risco regiões de Sintra e Alto Douro"-aqui
Comunicado da Associação de Defesa do Património de Sintra (ADPS)-sobre o Congresso Mundial da OCPM , criticando o abate de árvores em Sintra
Sendo Sintra o primeiro lugar na Europa classificado pela Unesco como "Paisagem Cultural da Humanidade" em reconhecimento da harmonia entre a paisagem natural e a arquitectura, cumpre-nos zelar para que essa harmonia seja mantida.
Foram os seus habitantes que, ao longo dos séculos, fizeram da Vila de Sintra o que hoje podemos admirar e, por isso, é natural que a Unesco tenha recomendado, que as pessoas sejam auscultadas quando se desejam fazer alterações que modifiquem ou possam até destruir o aspecto cénico de Sintra.
Sem que sejam ouvidos os habitantes e associações ("stakeholders") e ignorando os seus afectos, têm sido cortadas árvores, algumas de grande porte, em locais emblemáticos, cujo fundamento amiudadas vezes desconhecemos e poucas árvores têm sido plantadas para substituir as que são abatidas.
Onde antes existia sombra e frescura – uma das características de Sintra, em pleno Verão – começam a surgir troços onde somos fustigados por sol inclemente. O carácter dos arruamentos de Sintra começa a perder-se, assim como uma certa qualidade de vida.
Face aos cortes de árvores efectuados recentemente, consideramos necessário reavivar o Conselho Municipal do Ambiente assim como promover reuniões multidisciplinares em que os "stakeholders" estejam presentes, para avaliação dos processos mais adequados para a conservação do património arbóreo e, em casos limite, a substituição de uma ou outra árvore.
Os conhecimentos na área da arboricultura para a conservação do arvoredo permitem hoje em dia a aplicação de técnicas para a manutenção em segurança das árvores que pela sua localização, espécie, raridade, longevidade ou monumentalidade devem ser especialmente protegidas na área classificada como Património Mundial e na sua Zona Tampão e de Transição.
As alterações climáticas também poderão afectar as zonas acima referidas o que é mais um motivo para a preservação deste microclima que só pode subsistir com a adequada conservação e manutenção do património arbóreo.
Sintra, 22 de Novembro de 2011"
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