Pelos rostos de silêncio e de paciência

Parede

Por um país de pedra e vento duro

Por um país de luz perfeita e clara

Pelo negro da terra e pelo branco do muro

Pelos rostos de silêncio e de paciência

Que a miséria longamente desenhou

Rente aos ossos com toda a exatidão

Dum longo relatório irrecusável



E pelos rostos iguais ao sol e ao vento



E pela limpidez das tão amadas

Palavras sempre ditas com paixão

Pela cor e pelo peso das palavras

Pelo concreto silêncio limpo das palavras

Donde se erguem as coisas nomeadas

Pela nudez das palavras deslumbradas



— Pedra rio vento casa

Pranto dia canto alento

Espaço raiz e água

Ó minha pátria e meu centro



Eu minha vida daria

E vivo neste tormento

PÁTRIA de Sophia de Mello Breyner Andressen

Comentários

Fatyly disse…
Foto e poema MARAVILHOSOS!
Zé-Viajante disse…
Repetindo(me):
Rio das Maçãs, no seu melhor.
Graça Sampaio disse…
LINDO! O jogo de palavras e a imagem.

Parabéns pelo bom gosto. Beijinho
pedro macieira disse…
Obrigado pelas visitas e comentários.
Abraços

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