Porque hoje é Sábado...
Foto do abate de um Plátano centenário em Colares em 14/12/2010 pela Estradas de Portugal SA
QUANTO VALE UMA ÁRVORE?
Mais do que todo o dinheiro do mundo.
Aqui vai um segredo, daqueles grandes: para vivermos, não precisamos de dinheiro.
Precisamos, sim, de oxigénio. Logo, de árvores. Assim-tão-simples.
Está tão bem guardado, este segredo, que, mesmo contando-o, mantém-se em segredo, pois continua a não chegar ao coração das pessoas. Infelizmente.
A razão que me leva a escrever este post são os belos e antiquíssimos plátanos de Colares (Sintra).
São centenários, creio que do tempo em que existiam carroças em vez de carros (hoje, as estradas são mais largas, contudo, as mentalidades mais estreitas).
A seiva corre e a vida pulsa em cada ramo. As folhas purificam o ar, fornecendo-nos ar puro. Tal como o fizeram no tempo dos nossos pais, avós, bisavós... É maravilhoso.
E agora estamos na iminência de uma tragédia. Sim: "tragédia".
Parece que se decidiu que estas árvores estão a estorvar, já não têm grande utilidade, e é uma chatice ter de varrer as folhas que caem pelo Outono e "sujam" as ruas.
Eu não entendo, palavra de honra.
Sempre que visito a serra de Sintra, apanho garrafas, latas, maços de tabaco, sacos de plástico... tudo espalhado em plena serra. Ora, não será isso que verdadeiramente suja e com que a autarquia se deveria ocupar?
Bem(mal!), os plátanos de Colares estão marcados para.... talvez... serem abatidos.
É uma tragédia, efectivamente. Uma execução em praça pública de seres que não fizeram senão servir o ser (des)humano durante gerações e gerações.
Matar uma árvore é tão grave como matar uma pessoa.
Que direito temos nós de matar um ser que já existia muito antes de nascermos e que continuará a viver depois de morrermos? Que direito?, pergunto em voz alta.
As árvores suportam silenciosamente que os seus membros sejam decepados (as chamadas "podas"), toleram que o seu tronco seja cravejado de pregos, quando alguém acha que é um bom lugar para afixar cartazes... E mesmo com tantas atrocidades que sofrem, continuam, docemente, e até ao último segundo, a fornecer o ar que respiram aqueles que empunham as motosserras...
Peço a todos os leitores que se movimentem da forma que vos for possível no sentido de salvar as nossas queridas árvores de Colares. Divulguem. Protestem.
Publicado no blogue "Casa da Claridade" em 17 de Novembro de 2009
Comentários
Eu e os meus amigos fomos criados a conhecer a Serra de Sintra, as árvores e os seus nomes, se eram de folha caduca ou persistente, conhecer as plantas e respeita-las. As árvores eram nossas companheiras de brincadeiras, trepávamos, fazíamos jogos tendo-as como amigas, que nos suportavam silenciosa e amigavelmente.
Na instrução primária, havia lições sobre o bem que é uma árvore, hoje tiram licenciaturas e são os senhores engenheiros e doutores da treta, que não têm competência rigorosamente nenhuma, salta à "vista de qualquer cego", o resultado é este.
Para mim, e para os da minha geração uma árvore tem o valor semelhante a uma vaca sagrada para os indús. Desde nos dar o oxigénio, até se alimentar do anidrido carbónico, que nos é nocivo, à sombra, à fixação dos solos, lenha, etc..., é um bem patrimonial incalculável, faz lixo, deita folhas?, limpa-se anda por aí tanta gente a passear as fardas de varredor, obriguem-nos a fazer o seu trabalho das oito às cinco, e não um bocadinho de manhã, passando o resto do dia encostados sem fazer nada, falo do que vejo.
Qualquer criança de 10 anos, do meu tempo sabia qual era o valor de uma árvore.
Agora vêm estes iluminados da treta, incompetentes, burros, a soldo sabe-se lá de quem, fazer estes atentados, em nome da modernidade, e, em nome do interesse de algum "cão grande", que não quer as árvores ali, porque lhes tiram a vista ou porque lhes faz a casa húmida, ou porque o plátano no verão deita aquele pólen das bolas, provocador de alergias. Não fossem para lá, porque elas estavam lá primeiro. Isso sucede porque estão anos a fio sem cortar os pequenos ramos, e deixam-nos crescer desmesuradamente. Se fossem podados anualmente como se fazia antigamente, as copas estavam controladas, rebentavam normalmente na primavera e gerava-se um ciclo de normalidade.
Agora deixa-se andar, depois, bota abaixo porque já se perdeu o controlo.
Estamos entregues! Com gente desta à frente do nosso rectângulo, só nos resta aguardar por dias cada vez piores.