O bicentenário do nascimento de Alexandre Herculano
"O insigne mestre da história e do romance em Portugal e autor de tantas obras de cunho e de grandeza, essa legitima glória portuguesa nasceu a 28 de Março de 1810 n'uma modesta casa do pateo do Gil á rua de S.Bento"
Ilustração Portuguesa nº46 de 19 de Setembro de 1904
"O homem que limpou o pó à História de Portugal
Comemora-se (hoje) o bicentenário do nascimento de Alexandre Herculano. Ou, mais exactamente, comemorar-se-ia, se o país que o sepultou nos Jerónimos, ao lado de Camões, não tivesse esquecido o homem que elevou a historiografia portuguesa a disciplina científica e que foi visto, por sucessivas gerações, como uma reserva moral da nação. Por Luís Miguel Queirós"
Ontem no jornal Público -ler aqui
Excerto da Carta aos Eleitores do Círculo Eleitoral de Sintra de Alexandre Herculano eleito por Sintra em 1858
"(...)Depois, quando alguém, que acidentalmente se ache no meio de vós, sem casa, sem bens, sem família, sem indústria destinada a aumentar com vantagem própria a riqueza comum, e só porque o seu talher na mesa do tributo ficou posto para esse lado, se mostrar .demasiado solícito em nobilitar o vosso voto pela escolha de algum célebre estadista, em que talvez nunca ouvistes falar, ou em livrar-vos de elegerdes algum mau cidadão, cujas malfeitorias escutais da sua boca pela primeira vez, voltai-lhe as costas. Padre, militar, magistrado, funcionário civil, seja quem for, esse homem que tanto se agita, aflito pela vossa honra eleitoral, pelos vossos acertos ou desacertos políticos, pode ser um partidário ardente e desinteressado; mas é mais provável que seja um hipócrita, um miserável, que já tenha na algibeira o preço do vosso ludíbrio, ou que, por serviços abjectos, espere obter, ou dos que são governo, ou dos que querem fazer o imenso sacrifício de o serem, a realização de ambições que a consciência lhe não legitima, e acerca das quais só podeis saber uma coisa: é que as haveis de pagar.(...)"
Casa onde viveu Alexandre Herculano em Vale de Lobos
"Só em 1839 aceita alguma cousa d'um soberano quando se solidificavam as liberdades publicas e que D.Fernando-o rei artista lhe ofereceu o cargo de seu bibliotecário"
Ilustração Portuguesa nº46 de 19 de Setembro de 1904
"Em 1852, ainda foi eleito presidente da câmara do entretanto extinto concelho de Belém, mas a partir de meados da década deixou definitivamente a política activa. Nos anos seguintes, vai tornar-se célebre pelas sucessivas recusas de lugares políticos, cargos públicos e honrarias. Não aceita ser deputado por Sintra, rejeita a nomeação para a Câmara dos Pares e a imposição da Grã-Cruz de S. Tiago, diz que não ao próprio D. Pedro V, que sempre admirou e que o tratava como a um mestre, quando o monarca procura persuadi-lo a aceitar a regência de uma cadeira no Curso Superior de Letras. "
Jornal Público de 27-03-2010
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Comentários
Obrigado pela visita
Um abraço
De facto a "carta" com os seu 152 anos, parece aplicar-se à nossa realidade politica, deste séc XXI...
O que talvez justifique o apagamento da figura de Herculano nos nossos dias.
Um abraço