Solidariedade
Cidade de Dili,Timor-Leste- imagem Google Earth
O Rio das Maçãs, solidário com as vítimas da tragédia da Madeira, não podia deixar de sublinhar, a nobre atitude tomada pelo Conselho de Ministros de Timor- Leste, aprovando o auxílio às vítimas da Madeira de 750 mil dólares (556 mil Euros).
Região recebe apoio de país a quem recusou ajuda em 1999
Nuno Miguel Ropio -Jornal de Notícias - 2 de Março de 2010
A Madeira irá receber para auxílio às vitimas da intempérie meio milhão de euros de Timor Leste, o mesmo país a quem Jardim não quis doar qualquer verba aquando da independência face à Indónesia.
O pequeno Estado asiático, dos mais pobres do mundo - encontra-se em 162.º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas -, decidiu enviar 750 mil dólares norte-americanos (pouco mais de 550 mil euros) para a reconstrução da Madeira.
Uma postura completamente diferente daquela que Jardim tomou em Agosto de 1999, quando o país se viu a braços com a onda de destruição levada a cabo pelas milícias pró-indonésias.
A antiga colónia portuguesa tinha optado pela independência face à Indonésia, no referendo de 30 de Agosto daquele ano. Porém, com apoio do exército indonésio, as milícias mataram centenas de pessoas e obrigaram a população timorense a refugiar-se nas montanhas.
Perante a solidariedade que se começou a desenvolver em Portugal e no Mundo, com vista à reconstrução de Timor-Leste, o presidente do Governo da Região Autónoma garantiria que "nem um tostão" madeirense rumaria aos timorenses. Segundo o "Diário de Notícias" da Madeira, João Jardim iria mais longe desafiando o então Governo, chefiado pelo socialista António Guterres, a não retirar qualquer verba do orçamento da Madeira para ajudar Timor. Mais tarde, Jardim ainda viria a aprovar a atribuição de cinco mil euros. Mas, um ano depois recuou nessa decisão.
Comentários
Em entrevista ao "Diário de Notícias da Madeira" João Jardim opina que não é possível continuar a pedir sacrifícios ao povo português, às regiões autónomas e às autarquias para dar dinheiro às antigas colónias.
Valorizando a solidariedade humana, o líder madeirense prefere no entanto que Portugal a demonstre "na medida das suas possibilidades", olhando primeiro para os portugueses e só depois para os estrangeiros.
Instado a comentar uma afirmação que proferiu antes da luta pela independência de Timor-Leste - "nem um tostão para Timor" -, explicou ao jornal madeirense que "na altura o que quis dizer é que o auxílio internacional é feito pelo Estado português e não por uma região autónoma"."
Muita gente tem memória curta, mas é bom que ela seja reavivada!
Eu Anónimo (das 9:40) penso exactamente tudo isso do Sr. Jardim, lamento ter-me explicado mal!
Excerto de um texto de Jorge Freitas Sousa do D.N.da Madeira
http://www.dnoticias.pt/Default.aspx?file_id=dn04010104260210
"(...)De férias no Porto Santo, Alberto João Jardim garantiu que a Madeira não daria "um tostão" para Timor e que não admitia que o Estado português "mexesse" nas transferências a que a Região tinha direito. 'Nem um tostão para Timor' foi uma frase que provocou as mais duras reacções, em todo o País.
"A filosofia popular ensinou-me que cada um se deve governar por si", acrescentaria o presidente do Governo Regional, a 29 de Agosto de 1999.
Mais tarde, depois de muita polémica, na Região e no Continente, a Quinta Vigia acabaria por emendar a mão, embora de forma simbólica. Jardim disse que nunca esteve contra a ajuda ao povo timorense, mas apenas que a Madeira não podia prescindir de dinheiro para esses apoios.
No dia em que se realizou, no Funchal, uma vigília de solidariedade para com o povo maubere, o Governo Regional prometeu aprovar uma ajuda financeira. Um apoio que se iria traduzir numa resolução em que eram aprovados cinco mil euros de ajuda. Uma verba que Jardim só admitia entregar às autoridades timorenses e não às entidades portuguesas que reuniam as ajudas.
A oposição regional não deixou passar sem comentário esta alteração de posições, como já fizera em relação à recusa de 'um tostão' para Timor. Mota Torres (PS) exigiu que Jardim pedisse desculpa pelo que tinha dito e José Manuel Rodrigues (CDS), concluiu que o líder do PSD se tinha "vergado" à opinião pública e prometeu estar "vigilante" para ver se a promessa era cumprida.
Depois, já em 2000, durante uma viagem oficial à volta do Mundo, o líder madeirense diria que nem os cinco mil euros iam para Timor.
A frase que gerou tanta polémica - "nem um tostão para Timor" - tem acompanhado Jardim, sempre que o tema é o País de Xanana Gusmão.
País muito pobre
Timor-Leste é um dos países mais pobres do mundo e continua, desde a independência, em Maio de 2002, numa fase de reconstrução e criação de infra-estruturas básicas.
Esta ajuda financeira para a reconstrução da Madeira, modesta se for vista no quadro das ajudas internacionais que deverão chegar, tem um significado maior quando vista à luz do orçamento do País.
Madeira gasta o dobro
Em 2009, o orçamento da República Democrática de Timor Lorosae foi de 902 milhões de dólares, pouco mais de 644 milhões de euros. Uma verba que é mais de duas vezes inferior ao orçamento da Região Autónoma da Madeira que é de cerca de 1.500 milhões de euros.
A título de curiosidade, a ajuda de 556 mil euros, ou 111 mil contos na moeda antiga, representa, 433 escudos por madeirense (256 mil habitantes), qualquer coisa como 4.330 tostões a cada um.
Jorge Freitas Sousa"
Abraços